No seio do deserto do
Kalahari, o milagre da vida acontece. O rio Okavango nasce nas montanhas de
Angola e durante o seu percurso percorre o território de Angola, da Namíbia, na
Faixa de Caprivi, e do Botswana. Mas, ao contrário da maioria dos rios que conhecemos,
o Okavango não escoa em direcção ao mar ou ao oceano. O rio Okavango tem uma
drenagem endorréica, ou seja, corre em direcção ao interior do continente
africano e acaba por desaparecer num delta nas areias áridas do deserto do
Kalahari.
No Delta do Okavango, o
rio Okavango espalha-se em vários braços, constituindo o maior delta interno do
mundo. Quando as precipitações são mais intensas, o milagre da vida acontece no
Kalahari e as águas do rio Okavango transformam uma área árida e estéril num
santuário da vida selvagem, atraindo os animais das redondezas que dependem
dessa água para viver.
O Delta de Okavango
apresenta inundações sazonais. Nos meses de Janeiro e Fevereiro, o rio Okavango
acumula águas provenientes do planalto de Angola que demoram cerca de quatro
meses a espalhar-se pelo delta. A forte evaporação leva a que as inundações
sejam lentas e só atinjam o seu pico entre Junho e Agosto. Assim, esta é a
melhor altura do ano para testemunhar este milagre da vida. O delta inunda-se
e transforma-se num pântano, obrigando os animais da savana e do deserto a
nadar, como é o caso dos leões e elefantes, procurando abrigo nas ilhas.
O delta é morada
habitual de várias espécies de animais. Algumas só aqui rumam durante o período
de inundações. Outras, habitam o delta todo o ano. Os hipopótamos são os
habitantes mais comuns e tornam este local num paraíso natural. Os hipopótamos
passam a maior parte de seus dias dentro da água com outros membros do seu
grupo. A água serve para manter baixa a temperatura do corpo e para evitar que
a sua pele seque.
Uma das melhores
formas de explorar o Delta de Okavango, no Botswana, é a bordo de uma mocoro, as
canoas de madeira típicas do delta. Passamos dois dias no delta,
percorrendo os seus canais de barco e de mocoro, testemunhando as cores de
África e em busca da vida selvagem.
Fizemos dois safaris a
pé, procurando um encontro mais próximo com os animais do delta. No primeiro
aprendemos como vivem os hipopótamos e encontramos os lugares onde estes
descansam fora de água durante a noite. No segundo safari a pé, perseguimos uma
manada de elefantes, e o Rui ficou a cerca de três metros de um, momento em que
o guia grita “corre”. Infelizmente, não saiu nenhuma fotografia deste “encontro”.
De seguida, seguimos a manada, dentro da distância de segurança e encontramos o
“cemitério” destes animais, onde várias ossadas se encontravam no chão. Os
elefantes são animais extraordinários; veneram os seus antepassados,
regressando durante anos aos lugares onde as suas ossadas se encontram.
Os dois dias no delta
foram momentos extraordinários para descansar e apreciar lentamente a vida no
Kalahari. O Delta do Okavango, no Botswana, é um dos lugares mais bonitos do
mundo para observar o pôr-do-sol e contemplar a magia de um local ímpar,
associado à beleza das cores de África. E, quando um dia termina com as
cores de África, sabemos que o dia seguinte será igualmente maravilhoso.