A grande migração dos gnus no Serengeti é um dos pontos altos de
qualquer viagem a esta savana e levou a UNESCO a classificá-la Património Mundial
da Humanidade. Os gnus movimentam-se na savana do Serengeti ao longo do ano,
para sul na estação das chuvas e na direcção norte na estação seca. Nesta
migração, os gnus são acompanhados por diversos animais, nomeadamente gazelas e
zebras.
Mas, os gnus estão na base da cadeia alimentar da savana e, como tal,
são o “prato principal” dos predadores: leões, leopardos, chitas e hienas. Isto
faz com que quase todos os animais do Serengeti acompanhem a migração dos gnus,
uns em busca das pastagens verdejantes, outros em busca de alimento mais
proteico.
Na grande migração, cerca de 1,5 milhões de gnus deslocam-se entre o
Serengeti (Tanzânia) e Masai Mara (Quénia) e, embora esta migração possa ser
admirada durante todo o ano, ela é indubitavelmente mais pungente em Julho e Agosto, quando os gnus cruzam o rio Grumeti e o rio Mara.
A travessia dos rios é um dos momentos mais dramáticos da vida selvagem.
Rios infestados de crocodilos constituem em risco elevado nas travessias, e muitos
gnus acabam por morrer. A morte de uns permitirá aos outros atravessar em segurança
e alcançar a outra margem, não significando isto que ficarão a salvo. Em terra
firme, os felinos estão sempre à espreita e não perderão oportunidade de
apanhar estas presas fáceis e esgotadas fisicamente.
Apesar de não termos assistido à travessia dos rios (teremos que
regressar um dia) e da nossa guia ter dito que haviam poucos animais, pudemos acompanhar a migração dos gnus na parte sudeste do
Serengeti, na passagem para a reserva de Ngorongoro. Centenas de gnus espalhavam-se
por vários quilómetros, acompanhados pelos olhares atentos dos predadores que
assistiam refastelados ao desfilar do seu menu do dia. Que forma fantástica de
nos despedirmos do Serengeti!