3º dia: Qeqertarsuatsiaat – Nuuk
Atracamos às 7.00h em Qeqertarsuatsiaat, uma
pequena vila piscatória. Queríamos dar uma vista de olhos, ainda que rápida, pois
só tínhamos meia hora. O problema é que tudo estava sob um manto espesso de
nevoeiro, ninguém andava na rua (com excepção de pessoas que se dirigiam para o
barco) e não se via nada em direcção do mar. Regressamos a correr pois fizemos
um percurso circular e com o nevoeiro receamos enganarmo-nos no caminho e ficar
ali abandonados uma semana!
Voltamos às nossas camas e dormimos mais um
pouco. Ao almoço comemos umas sandes e às 15.00h atracamos em Nuuk, a capital e
de longa a maior cidade do país, com cerca de 17000 habitantes. A sua dimensão,
o facto de estar bastante espalhada e os números prédios de apartamentos tornam
a cidade muito pouco característica, mas por outro lado, e para variar um
pouco, permite-nos fazer um circuito urbano e visitar o Museu Nacional da
Gronelândia e a parte histórica da cidade, mas também um centro comercial e
jantar pizza num restaurante italiano.
O tempo estava bastante nublado, com algum
vento, e estava bastante frio. Afinal estamos a andar a passos largos para
norte…
Percorrendo boa parte da cidade a pé,
retornamos ao porto onde ainda admiramos os barcos de pesca à baleia, assim
como o barco da Marinha dinamarquesa com o príncipe a bordo, e depois
regressamos ao barco. Aqui é possível aceder à internet (por satélite) mas a
ligação é lenta e cara, mas ainda assim tentamos actualizar sempre que possível
o Viajar Entre Viagens, quer no facebook, quer no próprio blogue.
4º dia: Maniitsoq – Sisimiut
De manhã cedo (7.00h) atracamos em Maniitsoq,
mas como o tempo continuava nublado, resolvemos não descer e continuar a
dormir. Durante a manhã, e de acordo com o que lemos, passamos por paisagem
montanhosa de fiorde, mas a verdade é que o nevoeiro só deixava ver um
vislumbre das montanhas na costa.
Chegamos às 11.30h a Kangaamiut, outra
localidade em que o barco mais pequeno voltou a entrar em acção, fazendo a
ligação entre o barco e o porto.
Durante a tarde o tempo continuava negro e o
mar começava a estar bastante agitado. Cruzamos o Círculo Polar Árctico (66o,
33’ N) cerca das 17.00h, sendo esta zona caracterizada por centros de baixas
pressões permanentes, que se traduzem em mau tempo, com chuva, vento e mar
alterado. O dito cujo não ficou atrás da sua reputação, sendo que o céu negro e
o balançar do barco proporcionavam boas oportunidades de passeio no convés, nem
que fosse para arejar ou para fazer um pequeno filme.
Às 18.30h, atracamos em Sisimiut, a 2ª maior
cidade do país, e aquela mais a norte cujo porto se mantém livre de gelo o ano
inteiro. Como ameaçava chover (e como veio a acontecer um pouco depois!) e só
tínhamos 2 horas e meia, ficamos pela zona junto ao porto, onde visitamos a
parte histórica da cidade, referente ao 1º povoamento europeu, e onde
aproveitamos para jantar uns hot-dogs. Quando regressamos ao barco, já chovia
com bastante intensidade, e fomos para o café.
Saímos de Sisimiut às 21.00h e durante o pouco
tempo que o barco se deslocou ao abrigo dos fiordes, o mar manteve-se com uma
ondulação aceitável. Mas quando entramos em mar aberto e o barco começou a virar
para norte, começamos a embater em ondas com uma dimensão considerável e o
barco balançava violentamente. Estávamos no café-restaurante e as cadeiras
presas ao chão e a cobertura antiderrapante no tampo das mesas não chegavam
para a encomenda.
O barco balançava de lado, inclinando-se de
tal modo que, de um lado as ondas batiam nas janelas, e do outro se conseguia
ver ao fundo quase na vertical. E quando se apanhavam as ondas de frente, o
barco subia, parava por uns instantes e depois parecia cair em queda livre no
ventre da onda. A Carla recolheu ao quarto e eu tentei acabar de passar um post
para o computador. Mas não estava fácil… Pouco depois decidi juntar-me a ela.
Ao sair do café, não consegui agarrar-me e fui empurrado violentamente por 2
vezes contra as paredes. Desci a custo as escadas e fui encontrar a Carla muito
mal disposta. Já tinha vomitado após ter sido empurrada para fora da cama!
Depois de ajudar a Carla, fui ao convés para
tomar um pouco de ar. Pareceu-me que as ondas já não eram tão grandes, mas o
barco ainda balançava bastante. Quando desci, a Carla já tinha vomitado
novamente! Mas como a situação parecia acalmar, ainda tive coragem de ir tomar
um duche (com alguma ginástica!) antes de me ir deitar.
A noite foi bastante agitada até cerca das
4.00h, por isso o descanso foi pouco. Chegaríamos ao nosso destino às 8.00h,
por isso levantamo-nos cedo para organizar as mochilas e estar prontos para
sair. O ferry continuava para Ilulissat, onde chegaria às 13.00h, mas
nós queríamos explorar com um pouco mais de pormenor a baía de Disko e
parar em terras mais pequenas antes de nos dirigirmos à cidade grande da baía.
Ao sair do barco, a cidade de Aasiaat
recebeu-nos com uma neblina que gelava até aos ossos… Afinal estávamos a mais
de 68o N! Tínhamos chegado ao fim de 5 dias ao fim da nossa viagem
rumo a norte. Aqui, quase a 300 km acima do Círculo Polar Árctico, começava uma
nova fase da nossa viagem.
No dia anterior tinha-me informado acerca das
previsões meteorológicas para a baía e esperava-se céu limpo ou pouco nublado a
partir do meio da manhã e em todo o dia a seguir. A partir daí, o mau tempo
regressaria. Se assim fosse, tínhamos de aproveitar os próximos dois dias ao
máximo. Vamos lá então!