Choveu durante toda
a noite e houve momentos em que o vento soprou bastante forte. Quando acordamos
a chuva não cessou e por isso resolvemos arrumar tudo o que tínhamos dentro da
tenda e colocar as coisas no abrigo. Durante a manhã passamos o tempo a colocar
a bagagem em sacos-plásticos, prevendo que o dia iria continuar assim.
Ao pequeno-almoço
comemos as últimas tostas que tínhamos pelo que em Qassiarsuk teremos,
impreterivelmente, de comprar pão, tostas ou bolachas. Depois do
pequeno-almoço, e porque não parava de chover, resolvemos desmontar a tenda e
coloca-la a secar no abrigo. A manhã foi passando, sem que a chuva dê-se
tréguas, sempre com vento e nuvens negras. Às 13 h começamos a fazer o almoço e
o tempo começou a abrir. Pegamos logo na tenda e estendemo-la fora do abrigo na
esperança de que secaria melhor antes de sairmos. Não ficou completamente seca
mas às 14 h, quando acabamos de almoçar, já estava bastante melhor.
Guardamos tudo nas
mochilas e descemos para a praia. Eram 15 h quando um barco nos veio buscar
para nos levar para Qassiarsuk. O barco contorna os icebergs no fiorde e
ocasionalmente escuta-se o embate do casco no gelo. Mais uma viagem memorável.
Quando chegamos a Qassiarsuk
já havia sol e a povoação de 30 habitantes mostrava todo o seu esplendor.
Ficamos lá muito pouco tempo, apenas o suficiente para perceber que o
supermercado estava fechado (o que iria ser um problema porque ainda nos
faltavam 3 dias de trek e já não tínhamos pão nenhum) e para tratar de arranjar
canoas para amanhã fazer canoagem no fiorde. Num rasgo de desespero conseguimos
comprar um mini-pão de forma caseiro a uns espanhóis por 5€.
Deixamos para trás Qassiarsuk,
uma povoação típica da Gronelândia que mais não é do que duas ou três quintas
agrícolas, cujos proprietários, desde os tempos dos vikings continuam aqui a
sua actividade.
Começamos o trek a
caminho de Tasiusaq, cerca de 7 km de trilho de terra batida, sempre bem
visível na paisagem. A cerca de 3 km de percurso, sempre a subir, chega-se a um
ponto onde se vê um fiorde de cada lado da elevação. Daí para a frente
começamos a descer para Tasiusaq, e ao fim de algumas centenas de metros já se
vê uma quinta nas margens do fiorde.
Tasiusaq é um
povoado ainda mais pequeno do que aqueles que temos passado. Aqui só existe uma
quinta e três casas e tem uma população de 10 habitantes. É um lugar
absolutamente tranquilo e irreal. É encantador e as flores rosa e lilases que
ladeiam o caminho dão-lhe um ar completamente idílico.
Quando chegamos ao
povoado seguimos para as margens do fiorde onde montamos a tenda numa pequena
baía cheia de icebergs. O sol começou a descer e enquanto cozinhávamos o jantar
com gelo derretido, o frio começou a apertar deixando-nos completamente
gelados. Estava na altura de recolher à tenda. Amanhã esperava-nos mais um dia em cheio.