A povoação de
Narsarsuaq é um bom local para estar um ou dois dias e desfrutar de alguns
treks nas proximidades. Nós fizemos 3 treks.
Este é um trek
rápido, embora com um declive acentuado num curto espaço de tempo. Nós
começamos o trek no “arboreum”, uma área protegida de floresta de taiga
típica do sul da Gronelândia. Resta muito pouca floresta de taiga, um bioma
árctico caracterizado por vegetação arbustiva e alguns pinheiros cónicos. A
maioria das espécies sofre de nanismo devido à falta de radiação solar.
Narsarsuaq orgulha-se desta sua área protegida.
Ao cruzar o “arboreum”
vimos vários pinheiros nórdicos e muitas espécies de flores coloridas. O trilho
cedo começa a subir até alcançar o Signal Hill, um local onde se tem uma vista
panorâmica sobre a povoação de Narsarsuaq, o aeroporto, as montanhas e o fiorde
de Erik. Descemos o monte por um trilho muito ingreme que termina de frente
para o Blue Ice Café. O trek demora uma hora e meia a duas horas.
2º trek: The Ridge (A Crista)
O trek da Crista é
um trekking relativamente rápido que permite ver o glaciar de Narsarsuaq, ainda
que de longe. Desde o hostel até ao miradouro da Crista, ida e volta, demora
cerca de duas horas e meia a três horas.
O trilho é bem visível e para quem não
tem tempo de fazer o trek mais comprido e que vai ao glaciar, esta pode ser uma
boa opção. Para quem vai fazer o trek do glaciar Narsarsuaq, este trek é
perfeitamente dispensável.
3º trek: Glaciar
Narsarsuaq
Este foi o melhor
trek que fizemos em Narsarsuaq. Levantamo-nos bem cedo e apanhamos boleia do
John (50 DKK) para o hospital do vale. Aí, começamos a caminhar e seguimos o
trilho até chegar ao vale das flores, um vale encantador junto às margens do
rio do degelo glaciar.
Este vale está
cheio de flores rosas, lilases, azuis e até algodão. O trilho continua e a
certa altura começa-se a subir uma vertente rochosa bastante inclinada e com
rocha muito polida. Aí, há algumas cordas fixas na rocha para auxiliar a
subida, paralela a um conjunto de pequenas quedas de água. No final da subida
chega-se a um lago que se deve contornar e um pouco mais à frente há um
excelente miradouro sobre o glaciar Narsarsuaq, ou melhor o glaciar Kiattuut,
como lhe chamam os gronelandeses.
A maioria das
pessoas que faz este trek fica por aqui, já que a subida é bastante extenuante.
No entanto, é possível (e recomendável) descer ao glaciar. Para isso deve-se
contar com mais uma hora e meia ou duas horas de trek. Nós não podíamos perder
esta oportunidade por isso descemos ao glaciar, encontramos um local acessível
para passar e caminhamos sobre ele. É magnífico e está completamente compacto,
praticamente não tem fendas. Não há crevasses ou seracs.
Almoçamos no
glaciar e depois voltamos a subir, desta vez desde o gelo até ao miradouro.
Quando chegamos cá acima, decidimos subir a alguns pontos altos de forma a ver
a frente do glaciar e a lagoa de icebergs. Quase tivemos que escalar algumas
rochas mas lá encontramos um lugar com vista fabulosa.
Eram horas de
regressar e o trilho para trás ainda era longo. A descida agora era bastante
íngreme e, mais uma vez, a ajuda das cordas fixas é uma mais-valia,
essencialmente quando a rocha é muito inclinada e perfeitamente polida.
Estávamos de volta
ao vale das flores, ao hospital e desta vez também ao estradão que nos conduziu
ao hostel. Foram 8 horas de trekking mas vínhamos satisfeitos. Este seria só um
treino para os próximos dias de trekking na Gronelândia. A verdadeira aventura
começaria no dia seguinte.