“Desça, viajante, na cratera do Snaefellsjokull, em que a sombra
de Scartaris toca antes das calendas de julho, e você alcançará o centro da
terra; tal como eu fiz, Arne Saknussemm.”
Viagem ao centro da Terra, Júlio Verne
Saímos de manhã cedo da vila de
Stykkishólmur para explorarmos a península de Snaeffelsnes. Mais uma vez,
teríamos de nos restringir a estradas asfaltadas, por isso o nosso plano era
circundar a península, de este para oeste, de norte para sul, seguindo a
estrada nº 574. Infelizmente não tínhamos muito tempo disponível, por isso
teria de ser uma visita rápida pois nesse mesmo dia ainda teríamos de explorar
outra zona do país, próximo da localidade de Reykholt. Uma exploração mais a
fundo da península terá de ficar para uma próxima oportunidade.
Logo à saída de Stykkishólmur,
começam a notar-se os sinais do passado (e presente) vulcânico violento da
península, como o campo de lava de Berserkjahraun. Foi aqui que visitamos a
quinta de Bjarnarhofn, onde se encontra um invulgar museu que detalha o
processo de fermentação e cura de carne de tubarão, feito na própria quinta,
juntamente com uma exposição de um barco e utensílios de pesca e caseiros. No
final, podemos experimentar esta delícia local, assim como observar uma barraca
exterior onde a carne de tubarão (pescado no inverno) seca ao ar livre. O
cheiro não é muito agradável, mas a visita é muito interessante. Ainda deu para
fotografarmos alguns belos cavalos da quinta, cortesia do simpático dono.
Seguimos em direcção à cidade de
Grundarfjordur, situada numa bela baía, e vigiada pelo Kirkjufell, um monte
cónico e fotogénico, e que é um dos símbolos da Islândia. Mas a verdade é que o
tempo cinzento não ajudava às fotos…
Passadas as localidades de
Ólafsvik, Rif e Hellissandur, entramos no Parque Nacional de Snaefellsjokull, o
pico vulcânico (1446m) que domina a península e que Júlio Verne tornou famoso
ao transforma-lo no ponto de entrada nas entranhas da Terra das personagens de
“Viagem ao Centro da Terra”. Os campos de lava aqui são fabulosos, situados
directamente abaixo do vulcão, não enganando quanto à sua origem. Subimos à
cratera de Saxhóll, com bonitas vistas quer para o lado do mar, quer para o
vulcão, com o cimo escondido pelas nuvens.
Um pouca sul, caminhamos nas
praias de areia negra de Dritvik e Djupalonssandur, e nas falésias enrugadas da
costa. Na parte sul da península, a costa é ideal para passeios a pé,
principalmente nesta zona dominada pelos campos de lava que se estendem até ao
mar, passando por locais com nomes dignos do “Senhor dos Anéis”, tal como
Londrangar.
Mais à frente, passamos pelo
desvio para a estrada de montanha F570, que sobe em direcção ao vulcão. A
cratera, agora coberta por um glaciar, é acessível em tours organizadas a
partir de Arnarstapi, usando snowmobiles, mas não tínhamos tempo… Mais uma
aventura adiada!
Tínhamos mesmo de seguir caminho,
em direcção à cidade de Borgarnes, já fora da península. Seria aqui que
passaríamos a próxima noite, e seria a nossa base para explorar as redondezas.
Ficamos alojados na Borgarnes Bed & Breakfast, uma guesthouse situada no término
da península onde se situa a cidade, bem junto às águas do fiorde.
Uma casa antiga, bem conservada,
pintada de branco por fora, e recheada no interior de mobília requintada, é
gerida pela dona sexagenária e pela sua filha, que nos deram as boas-vindas e
nos instalaram num quarto no rés-do-chão, com uma vista fantástica sobre o
pátio por trás da casa, com o mar praticamente a bater à porta. Fenomenal!
A cozinha super equipada e
organizada (ao estilo nórdico) permitiu-nos fazer o jantar, comendo na sala com
vista para o mar. De manhã, a dona presenteia os hóspedes com um pequeno-almoço
divinal (incluído no preço), onde a qualidade e sabor competem com a
diversidade e quantidade. Delicioso!
A Borgarnes B & B é assim o
local ideal para se descansar após uma viagem pela península de Snaefellsnes,
mas também uma base privilegiada para quem quiser fazer o percurso inverso,
explorando a península de sul para norte.
Para nós serviu ainda de ponto de
partida para a exploração da região de Reykholt (40 km a nordeste de
Borgarnes). Mas isso fica para outra crónica…
DADOS PRÁTICOS
MORADA: Skulagata 21, Borgarnes
TEL.: 8425866