Depois de passar o dia no glaciar
em Vatnajokull, chegamos a Skaftafell e desmontamos a tenda. Com tudo metido no
carro (que alugamos na Procar.is), munidos de isqueiro e gás (que tínhamos em
falta mas que compramos numa estação de serviço) seguimos em direcção a
Jokulsárlón.
À medida que deixávamos para trás
Skaftafell a paisagem glaciar não nos abandona. Os glaciares continuam
omnipresentes durante todo o nosso trajecto. Pelo caminho, apenas uma estrada
negra, praticamente sem trânsito por cerca de 60 km.
A costa da Islândia, a sul da
calote de gelo de Vatnajokull, é dominada por várias línguas glaciares que
descem os vales e que quase tocam a estrada por onde circulamos. Não fossem as
enormes lagoas glaciares, a maioria preenchidas por gigantescos icebergs, e
seriamos levados a acreditar que nos meses frios de Inverno, os glaciares
ocupam estas estradas.

Há várias lagoas glaciares com
icebergs até chegar a Jokulsárlón, embora esta seja a maior e a mais conhecida.
Sendo assim, resolvemos parar pelo caminho para fazer alguns desvios e entrar
em estradas de gravilha para ver outras lagoas mais pequenas, mais intimistas e
com menos turistas. Uma das lagoas que visitamos foi a de Fjallsárlón, onde os
icebergs “calving” (caem por desprendimento) do glaciar de Fjallsjokull. Esta
lagoa é bastante mais pequena do que a de Jokulsárlón mas tem uma grande
vantagem: conseguimos apreciar o glaciar, a lagoa e os icebergs mesmo à nossa
frente. Percorremos a lagoa a pé praticamente sós. Não há ninguém por aqui.

Mas, a viagem tinha que
prosseguir. Seguimos para Breidarlón, outra grande lagoa, e para Jokulsárlón.
Entramos e saímos várias vezes da estrada já que procurávamos um lugar idílico
para montar a tenda. Não há camping em Jokulsárlón mas é possível acampar perto
da lagoa de forma discreta, montando a tenda tarde e desmontando-a cedo pela
manhã. Ainda consideramos montar a tenda virada para a lagoa (já lá haviam mais
duas montadas a meia vertente) mas o terreno era muito acidentado e pouco
plano. Imaginamos logo uma noite mal dormida e por isso reconsideramos a nossa
opção. Decidimos acampar no parque em frente à praia de areia negra de
Jokulsárlón, onde dezenas de icebergs povoam o areal e pequenas focas vão
brincando connosco às escondidas.


Chegamos à praia de Jokulsárlón
deveriam ser umas 21h e ainda “perdemos” algum tempo a explorar o local e
desfrutar desta paisagem maravilhosa e invulgar. Quando montamos a tenda já
eram quase 23 h e ainda fomos fazer o nosso jantar: massa instantânea de 3
queijos que trouxemos de Portugal. De sobremesa, um fantástico pastel de feijão
de Peniche. Ninguém perceberia quão bem nos soube este pastel comido de frente
para este mar.
Ao nosso lado temos uma carrinha
com seis checos que também montaram aqui as suas tendas. Passamos a noite
escutando o barulho das ondas, o assobio do vento e os pássaros que chilreiam
por cima dos icebergs. Invulgar, é certo, mas delicioso e indescritível.
Pelas 7 horas da manhã o
despertador volta a tocar. São horas de levantar, seguir viagem. Não
conseguimos sair sem voltar à lagoa e aos icebergs para mais algumas
fotografias e um passeio de barco. O frio foi tanto durante a noite que a
máquina fotográfica congelou o botão de disparo e não consegue focar. Sem
máquina para tirar fotografias resolvemos não fazer o passeio de barco na
lagoa.
A noite foi bastante fria mas nós
dormimos especialmente quentes. Os sacos-camas que trouxemos são realmente
fenomenais. São sacos-cama da
The North Face –
Snow Leopard e têm isolamento da
Climashield. Funcionam tão bem que até chegamos a ter calor durante a noite.
Para a próxima já sei: a máquina fotográfica dorme dentro do saco-cama.
De Jokulsárlón seguimos para
Hofn, um percurso muito mais rural e para trás deixamos os glaciares, que
progressivamente vão deixando de se ver da estrada.
Hofn é uma pequena cidade
islandesa e daqui para a frente os turistas praticamente desaparecem. Paramos
para visitar esta pequena cidade com 1600 habitantes e que é um importante
porto de pesca. Abastecemos de comida no supermercado mas o verdadeiro segredo
de Hofn chama-se Hafnarbudin.
Hafnarbudin é uma tasca islandesa
onde a população come as iguarias da cidade: sopa de lagosta e sandes de
lagosta e lagostins. Que coisa maravilhosa! Nunca imaginaria comer tão bem por
aqui e muito menos pagar tão pouco (para parâmetros islandeses, claro). Comemos
por 3400 ISK (cerca de 20€ os dois).
A viagem continuou ao longo da
costa de Lón, passando por Eystrahorn e pelo farol de Hvalnes. Daí para a
frente, entraríamos no domínio dos fiordes do Este.