As Cataratas de Niagara são um
conjunto de quedas de água que se formaram no final da último período glaciar na
América do Norte. Durante a glaciação de Wisconsin toda esta área estava
coberta por um imenso manto de gelo - Laurentide
- que erodiu e aprofundou os vales e montanhas actuais.
No final da glaciação, há
cerca de 10 mil anos, o clima sofre alterações e o aumento das
temperaturas provoca a fusão dos gelos glaciares, deixando os vales e áreas
deprimidas expostos à erosão fluvial. As áreas deprimidas foram ocupadas por
grandes quantidades de água criando um imenso lago interior - o lago Agassiz –
que drenava em quatro direcções: Árctico, Atlântico Norte, Atlântico Sul e
Golfo do México.
Esta situação criou fortes torrentes de água que drenavam a
área para onde hoje se desenvolve o vale do rio Niagara e os grandes lagos. Esta
drenagem foi responsável pela criação dos Grandes Lagos. Entre os lagos, a erosão
fluvial foi talhando vários vales mas apenas na zona de Niagara a natureza dos
materiais produziu uma erosão diferencial capaz de criar quedas de água
impressionantes entre os lagos Erie e Ontário.
Os calcários dolomitícos densos,
mais resistentes, permaneceram salientes na paisagem, ao contrário dos materiais
que estavam subjacentes compostos por xistos, ardósias e algumas intercalações
calcárias ricas em fósseis. Na base
desta formação, existe uma formação com xistos e arenitos mais resistentes.
A diferença litológica dos
materiais foi responsável pelo aparecimento das cataratas que têm 100
metros de altura e do desenvolvimento de um canhão fluvial com cerca de 11 km
de comprimento desde as quedas até o lago Ontário. Este canhão resulta dos
processos erosivos que continuam a ser bastante intensos especialmente
devido ao congelamento e descongelamento anual do rio Niagara, fazendo com que a
posição das quedas de água vá recuando para montante (30 cm/ano) devido à
erosão regressiva.


O primeiro homem a usufruir da
maravilhosa vista das quedas terá sido um ameríndio nativo da região dos
grandes lagos, mas foi um padre francês o primeiro a documentá-lo ao mundo através
de um relato da expedição que realizou em 1678, exacerbando a imponência das
quedas de água. Desde essa altura, os europeus voltaram-se para o norte do
continente norte-americano, mas, depois que se construiu a linha ferroviária em
1800, todos queriam espreitar esta maravilha da natureza. Curiosamente, até o
irmão de Napoleão Bonaparte aqui veio em Lua-de-mel.