"Muito longe da
terra, onde o mar é muito
azul, vivia o povo do
mar. O rei desse povo tinha seis filhas,
todas muito bonitas,
e donas das vozes mais belas de todo o mar,
porém a mais nova
destacava-se, com sua pele fina e delicada como
uma pétala de rosa e
os olhos azuis como o mar. Como as irmãs, não
tinha pés mas sim uma
cauda de peixe. Ela era uma sereia."
Junto
ao porto de Copenhaga jaz a estátua de uma pequena sereia. É a Pequena Sereia
do conto de Hans Christian Andersen, um conto infantil que eternizou a imagem
da beleza e bondade das sereias entre as crianças e jovens.
Conta
o conto que quando a Pequena Sereia fez 15 anos subiu à superfície dos mares
para conhecer os humanos. Foi aqui que viu um navio onde viajava um príncipe
que prendeu a sua atenção.
"A sereiazinha ficou horas admirando seu príncipe, e só
despertou de seu devaneio quando o navio foi pego de surpresa
por
uma tempestade e começou a tombar. A menina viu o príncipe
cair no
mar e afundar, e se lembrou de que os homens não conseguem
viver
dentro da água. Mergulhou na sua direcção e o pegou já
desmaiado,
levando-o para uma praia."
O
navio naufragou mas a sereia havia salvo o seu príncipe, por quem se apaixonou.
A sereia tudo tentou fazer para voltar à terra. Mas para tal acontecer, teve
que entregar a sua bela voz a uma bruxa dos mares e trocar a cauda de peixe por
pernas que lhe davam dores horríveis enquanto caminhava. Mas, a sereia estava
decidida a passar por todos estes sacrifícios para ver o seu príncipe e tentar
ser feliz ao seu lado. Para trás teve que deixar a sua família.
"A sereia olhou de longe o palácio onde nasceu e
cresceu,
soltou um beijo na sua direcção e nadou para a praia.
Assim que bebeu a poção, sentiu como se uma espada lhe
atravessasse o corpo e desmaiou."
O príncipe encontrou
a sereia e gostou muito dela. Mas, havia um problema. O príncipe encontrava-se
encontrava-se apaixonado por uma bela jovem que o tinha salvo de um
naufrágio. Como não tinha visto bem a jovem não sabia que esta era a Pequena
Sereia. Tão pouco, a sereia lhe podia contar. A sua voz tinha ficado com a
bruxa dos mares. O tempo passava e entre o príncipe e a sereia
nascia uma bonita e bela amizade, embora dolorosa para a sereia.
"A beleza
da sereia encantou o príncipe, e ela passou a
acompanhá-lo em todos os lugares. À noite, dançava para ele,
e
seus olhos se enchiam de lágrimas, tamanha dor sentia nos
pés.
Quem a visse dançando ficava hipnotizado com sua graça e
leveza, e
acreditava que suas lágrimas eram de emoção.
...
Todas as noites a sereia ia refrescar os pés na água do
mar. Nessas horas, suas irmãs se aproximavam da praia para
matar a
saudade. Sua avó e seu pai, o rei dos mares, também
apareciam para vê-la, mesmo que de longe."
Mas, a pequena sereia
tinha sido avisada pela bruxa do mar:
"Pense bem, menina. Depois de tomar a poção você nunca
mais poderá voltar à forma de sereia... E se o seu príncipe
se
casar com outra você não terá uma alma imortal e morrerá no
dia
seguinte ao casamento dele."
A sereia aceitou mas nunca pensou que tal pudesse acontecer.
No entanto, a família do príncipe tinha marcado o seu casamento com uma jovem
princesa vizinha. Quando o príncipe a viu, apaixonou-se por ela, pensando que
era a jovem que o tinha salvo naquela fatídica noite. Os príncipes casaram e a
pequena sereia estava condenada a morrer. Mas, havia ainda uma hipótese: matar
o príncipe na noite do seu casamento.
"A sereia viu suas irmãs, pálidas e sem a longa
cabeleira, nadando ao
lado do navio. Em suas mãos brilhava um objecto.
— Nós entregamos nossos cabelos para a bruxa do mar em
troca desta faca. Você deve enterrá-la no coração do
príncipe. Só
assim poderá voltar a ser uma sereia novamente e escapará da
morte. Corra, você deve matá-lo antes do nascer do sol.
A sereia pegou na faca e foi até o quarto do príncipe, mas ao
vê-lo não teve coragem de matá-lo. Caminhou lentamente até a
murada do navio, mergulhou no mar azul e, ao confundir-se com
as
ondas, sentiu que seu corpo ia-se diluindo em espuma."
A Pequena Sereia do conto de Hans Christian Andersen jaz no
porto de Copenhaga olhando os navios que ali entram e saem diariamente. A
sereia, esculpida por Edvard Eriksen, em 1913, parece observar os
barcos turísticos que chegam às centenas. A sua estátua eternizou este
magnífico conto infantil e nós, sentados ao lado da estátua, não podemos deixar
de ficar comovidos enquanto lemos este pequeno conto.