Saímos das dunas do deserto de Lompoul e apanhamos
uma boleia de um rapaz senegalês que nos deixou na cidade de Kebémér. Aí
ainda tentamos apanhar boleia do seu pai mas depois de esperar uma hora no
cruzamento da estrada desistimos e arranjamos um sept-place para Thiés, onde
apanhamos um táxi particular para nos levar a Dakar com passagem pelo lago
Rosa.
Quando chegamos a Thiés eram 13 horas e nós sabíamos que para visitar o
lago Rosa e o ver “rosa” teríamos que chegar ao nosso destino até às 14 h. Ainda
estávamos a cerca de 40 km pelo que a opção do transporte público já não se
punha. Nunca chegaríamos a tempo. Como o nosso objectivo era visitar o lago
Rosa a caminho da capital senegalesa optamos por pagar um táxi particular (25
000 XOF) para o tramo restante da viagem.
O lago Retba ou lago Rosa é bastante popular na internet devido à cor
das suas águas que se tornam rosáceas na estação seca. A coloração das suas
águas deve-se à acção combinada de uma elevada salinidade, com mais 40% de sal
do que os outros mares do globo, e de uma micro-alga - Dunaliella
salina - que sobrevive nestas águas e que
liberta um pigmento avermelhado.

Não tínhamos grandes expectativas em ver o lago com a coloração que lhe
dá nome pois sabíamos que era muito difícil. Apesar de sabermos que a sua cor
rosa só é visível na estação seca (que corresponde exactamente a esta época do
ano, entre Dezembro e Fevereiro) e nas horas em que o sol incide a sua radiação
na vertical, achamos que este seria mais um lugar de “publicidade enganosa”. A
verdade é que já lá chegamos um bocado tarde (já eram 14.30 h) e apesar de estarmos
na estação seca, o lago ainda tem muita água pelo que a cor não está bem apurada.
No entanto, com algum esforço por parte da máquina fotográfica é possível
captar alguma cor nas fotografias, embora no terreno a cor não seja bem
visível.

O lago Rosa não atrai só os turistas pela cor das suas águas. O alto
teor de sal das águas permite flutuar facilmente tal como acontece no mar
Morto. Apesar de termos declinado a oferta de tomar banho no lago ou de um
passeio de barco, aproveitamos para conhecer o local onde trabalham os recolectores de sal. Tivemos azar, era sexta-feira e os recolectores de sal não
estavam a trabalhar (no Senegal a maioria da população é muçulmana) mas vimos
os barcos atracados nas margens e os montes de sal extraídos do lago. Os
recolectores de sal do lago podem chegar a passar mais de 6 horas dentro desta
água e para evitarem a desidratação e a destruição dos tecidos da pele, cobrem-na com manteiga
de castanha de carité.
Apesar do mítico rally Paris – Dakar terminar aqui (pelo menos até
2009), o lugar deixou-nos pouco entusiasmados. As viagens também têm destas
coisas.
Sendo assim, seguimos viagem em direcção a Dakar e aproveitamos o facto de estarmos
num táxi particular para evitar andar perdidos na capital senegalesa e ir
directamente para o hotel. Na realidade não ficamos num verdadeiro hotel, mas
num aparthotel mesmo no centro de Dakar, no Plateau. Estávamos prontos agora para explorar Dakar e as ilhas nas suas imediações, mas isso, é outra história.