Nenhuma viagem a África fica completa sem um safari…
fotográfico, entenda-se! Foi com isto em mente que, aquando da preparação desta
viagem decidimos incluir uma deslocação ao leste do Senegal, perto da fronteira
com a Guiné Konacri, onde se situa o maior Parque Nacional de vida selvagem
deste país, o Parque de Niokolo Koba. Através de alguma pesquisa, sabíamos que
não estava à altura das grandes reservas do Quénia e Tanzânia, mas decidimo-lo
fazer, uma vez que seria uma boa iniciação à vida selvagem da África
subsariana. Alugaríamos um veículo com motorista e guia para dois dias, com
dormida no parque, custando a módica quantia de 200 €/pessoa.
À partida nós seríamos os caçadores de fotos (principalmente
a Carla!), mas dada a nossa experiência com tours organizados, estávamos um
pouco apreensivos pois temíamos ser “caçados” nalgum esquema turístico,
revertendo-se os papéis de caçadores e presas…
Quando chegámos a Tambacounda, a primeira coisa que fizemos
depois de deixar as mochilas no “Oasis Oriental Club”, foi procurar a única
agência local, com quem já tínhamos contactado. Depois de tudo confirmado,
partimos na manhã seguinte. O tempo estava nublado, mas as previsões eram para
que melhorasse. O guia, Kali, era simpático e multilingue, comunicando connosco
em espanhol ou francês. Conforme percorremos os cerca de 70 km que nos
separavam da entrada do parque, notou-se que nos dirigíamos para uma região
mais quente.

Com cerca de um décimo da área de Portugal, o parque tem
cinco entradas, sendo a principal em Dar Salam. A vegetação é densa,
assemelhando-se mais a uma floresta tropical (seca, uma vez que estamos na sua
época) do que a paisagem de savana que imaginamos. Os militares queimam a
vegetação rasteira junto à estrada, para melhorar a visibilidade. No entanto,
durante as cerca de 2 horas que demorámos a chegar a Simenti, no centro do
parque, poucas espécies vimos, não faltando os inevitáveis macacos (mas que
felizmente se mantinham à distância!), javalis e antílopes.

A seguir, o nosso guia informa-nos que o motorista da piroga
não estava e não se sabia quando voltava. Tínhamos uma volta de barco marcada
para essa tarde, mas seguimos logo para almoço, no acampamento onde
dormiríamos. Depois de nos deleitarmos com pão e conserva de sardinha (!),
fomos ver um leopardo! Enjaulado… A jaula até é grandita (25 por 25m, com mato
no interior), mas um bicho destes não merece esta sorte… Deve ter sido caçado
para os turistas, e não falta a caixa das doações. Mas mesmo enjaulado, não
perde o seu instinto selvagem, e enquanto comia a carne que lhe deram, ainda
deu alguns saltos acrobáticos na direcção da Carla, que teimava em importunar o
bicho com fotos durante a refeição. Se calhar queria mais um naco… J

Depois de um descanso à sombra no acampamento, seguimos de
carro para o ponto de observação dos hipopótamos. Chamá-lo assim talvez seja
demais, uma vez que não tem nenhuma estrutura, sendo apenas um local junto à
margem do Rio Gâmbia, onde os hipopótamos se banham nas águas do rio, apenas
espreitando de vez em quando para respirar e ver o que se passa à superfície.
Mais uma vez, expectativas parcialmente goradas já que eles pouco se mostraram…
Regressando a Simenti, e confirmando que o piroguier
ainda não estava, regressamos ao acampamento. Tínhamos a companhia de um casal
francês, que tinha contratado uma agência em Dakar para um circuito no Senegal.
O jantar foi melhor, spaghetti com carne.
Mas a noite prometia. A cubata tinha duas camas sem roupa
para nos cobrirmos, mas com rede mosquiteira. Tivemos de usar os nossos
sacos-cama, mas durante a noite as sensações de calor e frio alternavam-se. O
barulho intenso de macacos, insectos e o que viemos a descobrir de manhã que seriam
hienas a rondar o acampamento (pelo sim, pelo não, encostamos as mochilas à
porta sem fecho!), definitivamente não ajudou ao descanso. Resultado de manhã:
corpo moído, muito sono e repouso não alcançado.
Depois do pequeno-almoço, seguimos por várias rotas de
carro, vendo sempre muito mato, mas poucos animais. Depois de um ponto de
observação do rio Gâmbia, regressamos a Simenti. Et voilá, le piroguer à retorné!
Acabou por ser a parte mais interessante do tour, ainda que a passo de caracol
(teremos subido talvez 1 ou 2 km no rio), podendo observar-se crocodilos e
hipopótamos mais de perto.
Estava na hora de regressar ao acampamento, à mesma iguaria
do almoço do dia anterior, e ao mesmo descanso na hora de maior calor. De
seguida, dissemos adeus ao parque de Niokolo Koba, chegando a Tambacounda cerca
das 17.30h, onde pagamos a segunda metade do tour, não sem antes fazer algumas
sugestões no sentido de se melhorar esta experiência.
Conclusão: quem já tiver visitado as reservas mais
conhecidas de África, Niokolo Koba não deverá ser opção; para aqueles que
querem uma iniciação soft (excepto no preço) no mundo da vida selvagem
africana, o parque cumpre a sua função. E, quem sabe, as nossas sugestões foram
ouvidas e a experiência seja melhor!
Rui Pinto