De Istambul, na Turquia, até
Xian, na China, vamos traçar o nosso percurso ao longo da mítica Rota da Seda.
Vamos seguir o caminho das caravanas de camelos que atravessavam o deserto, as
montanhas e cruzavam os rios para alcançar o oriente. Seguiremos os passos de
muitos mercadores europeus que se aventuraram no Extremo Oriente, entre eles
Marco Pólo. Ao longo da nossa viagem vamos percorrer 6 países: Turquia, Irão,
Turquemenistão, Uzbequistão, Quirguistão e China.
O termo Rota da Seda surge pela
voz o geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen, no século XIX, como uma
tradução do alemão Seidenstraße.
Correspondia a um conjunto de rotas comerciais que interligavam, através da
Ásia, o Oriente e a Europa, originando a maior rede comercial do mundo antigo.
Durante milénios, os chineses aprenderam
e dominaram o fabrico da seda (a partir da fibra branca dos casulos dos
bichos-da-seda) e usavam a seda como um produto exclusivo da sua sociedade. No
entanto, com as crescentes transacções comerciais, chegam à Europa rumores
desse tecido suave e brilhante que só os chineses sabiam confeccionar. As
técnicas de fabrico da seda eram um dos segredos mais bem guardados do império
chinês. O tecido brilhante e suave asiático começou a aparecer na Europa e
rapidamente se tornou num objecto de luxo, cobiçado nas melhores praças. A
burguesia europeia estava disposta a pagar somas exorbitantes por essa
relíquia. Iniciou-se assim uma rota mítica de caravanas que, atravessando a
Ásia, abasteciam a burguesa europeia do seu novo "desejo". Esta rota parece
ser anterior a 200 a.C.
Pela Rota da Seda circulavam
produtos (especialmente seda mas também muitos outros), pessoas, dinheiros e
ideias, muitas delas responsáveis pelo desenvolvimento e florescimento de
grandes civilizações, como o Antigo Egipto, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a
Índia e até Roma. Dois mundos aparentemente distantes, oriente e ocidente,
aprenderam um com o outro sobre cultura, negócios e religião. Entre 200 d.C. e
a época de Bizâncio a rota decaiu e só voltou a florescer em meados do século VI.
Para além da seda, os produtos que vinham do Ocidente (âmbar, coral, tecidos de
lã, etc.) eram trocados essencialmente por especiarias, pedras preciosas, ébano
e pérolas.

A rota tradicional ligava
Chang'an (actual Xian), na China, até Antioquia (actual Antakya, na Turquia),
na Ásia Menor, assim como a outros locais, nomeadamente Istambul. Na cidade de
Kashgar, na China, a rota dividia-se em duas vias principais: uma, através de
Caracórum, levava a Karashar e Turfan (via do norte); a outra acompanhava a
bacia do RioTarim (via do sul).As duas vias encontravam-se depois e seguiam
para Xi-an. A Rota da Seda, no ocidente, subdividia-se em rotas do norte e do
sul. A Rota Norte atravessa o leste europeu (nomeadamente algumas cidades na
Bulgária), a península da Crimeia (Ucrânia), o mar Negro, o mar da Mármara,
chegando aos Balcãs (ex-Jugoslávia) e por fim, a Veneza. A Rota Sul percorre o
Turquemenistão, a Mesopotâmia e a Anatólia. Neste ponto, a rota divide-se em
trajectos que levam à Antioquia (na Anatólia meridional, banhada pelo
Mediterrâneo) ou ao Egipto e ao norte de África.
Quando Vasco da Gama descobriu o
caminho marítimo para a Índia, em 1498, a rota começou a definhar e quando
Marques de Pombal incentivou a cultura do bicho-da-seda, bem como a implantação
de uma manufactura de seda em Lisboa, o mercado europeu passou a ser satisfeito
a partir de Portugal. Era o início do fim de uma rota milenar.
Ao longo dos tempos muitos foram
aqueles que percorreram a Rota da Seda, no entanto, a maioria fazia-o parcialmente,
efectuando apenas alguns dos seus troços. No entanto, um viajante veneziano,
Marco Polo, no século XIII, saiu de Veneza e percorreu a Rota da Seda,
regressando alguns anos depois à Europa. É esta rota que vamos também tentar percorrer.