O seu nome actual completo é
Antigua Guatemala, e como ele próprio indica, Antigua já não é a capital da
Guatemala. Mas quando no dia 10 de Março de 1543 os conquistadores espanhóis
fundaram esta cidade, ela não era apenas a terceira capital da Guatemala, mas
sim a capital de um enorme império que se estendia por toda a actualmente
designada América Central e o estado mexicano de Chiapa e que, no seu auge,
terá albergado uma população que rondaria os 60.000 habitantes.

A sul da cidade, ergue-se
imponente o Volcán de Agua, quase sempre encoberto pelas nuvens, mas que nos
saúda do alto dos seus 3766 m quando chegamos à cidade, vindos do lago de
Atitlán. Curiosamente, é este vulcão, agora sem actividade aparente, que foi responsável
pela fundação da cidade. A capital anterior, Ciudad de Santiago de los
Caballeros de Guatemala, localizada na actual municipalidade de Ciudad Vieja,
foi completamente soterrada por uma enorme avalanche de material vulcânico e
água que desceu das encostas do vulcão em Setembro de 1541.

A força da natureza, expressa
nesta região em frequentes erupções vulcânicas e terramotos, marcaram
indelevelmente a história desta cidade. No século XVIII, uma série de
terramotos implacáveis determinaram a sua quase total destruição e abandono por
parte da maioria dos sobreviventes, assim como a fundação de uma nova capital, Nueva Guatemala
de la Asunción, a actual Cidade de Guatemala. A cidade nunca foi totalmente
abandonada, mas também nunca foi reconstruída, sendo que ainda hoje uma das
grandes atracções turísticas são as inúmeras ruínas de igrejas e mosteiros.
Estas são locais impressionantes, em que os escombros parecem falar e nos
contar a sua história de um passado glorioso. A este respeito distinguem-se a catedral
de San José, cuja fachada e parte do interior reconstruídos embelezam a plaza
central (juntamente com o palacio de los capitanes generales, a antiga sede de
poder do império espanhol), mas cujas traseiras em ruínas têm uma aura de
mistério e encantamento, assim como as ruínas do mosteiro de Santo Domingo, em
parte hoje em simbiose com um hotel de luxo, num projecto inovador que nos
deixou positivamente impressionados.

Mas a cidade, e o seu povo,
conseguiram emergir das ruínas e hoje Antigua é uma cidade fervilhante, que se
afirma cada vez mais como a capital turística do país e como destino
preferencial para aqueles que desejam frequentar um curso de língua espanhola.
Beneficiando da má publicidade que a capital tem tido nos últimos anos
(pensamos que justificadamente!), Antigua surge como uma alternativa mais
bonita, mais organizada, mais segura, mais calma, mais
"tourist-friendly". Muitos turistas escolhem-na como base para daqui
partirem em tours que se dirigem a quase todo o país e nós acabamos por não ser
excepção! Pelo menos, em parte... Depois de termos percorrido o país de Norte a
Sul, decidimos que os últimos dias seriam explorados tendo como base Antigua, e
o excelente hostel Yellow House.


Daqui partimos para as
obrigatórias visitas aos vulcões Acatenango e Pacaya, mas também para a cidade
costeira de Monterrico e as ruínas maias de Copán, nas Honduras. O nosso
corropio foi tal que, mesmo tendo 6 noites reservadas na cidade, 2 delas foram
passadas fora e só numa delas é que nos levantamos suficientemente tarde
(depois das 7.00h!) de modo que nos permitisse apreciar o excelente
pequeno-almoço incluído na estadia! E só tivemos duas tardes para explorar a
cidade...


A tarde em que aí chegámos foi
aquela que nos agraciou com melhores condições atmosféricas, permitindo-nos
apreciar não só o vulcão de Água, mas também os (um pouco mais distantes) de
Fuego e Acatenango. É realmente impressionante a proximidade da cidade em
relação a estes gigantes adormecidos, que de um momento para o outro poderão
acordar para moldar mais uma vez o destino da cidade e dos seus habitantes.
Como prova viva disso, no dia em que partimos para uma visita de 2 dias a
Monterrico, o vulcão Fuego entrou em erupção. Tivemos de conter a nossa
impaciência, e esperar que o vulcão mantivesse a sua actividade (moderada!) por
mais alguns dias até que subíssemos ao topo do vizinho Acatenango!


A presença de estrangeiros, quer
sejam residentes, estudantes de línguas ou simples turistas, faz com que a
cidade tenha também um considerável panorama gastronómico, sendo possível
experimentar comida internacional a um preço muito convidativo. E foi assim que
nos despedimos de Antigua e da Guatemala, jantando num restaurante de carne...
argentina! Quem sabe, um sinal de próximas viagens...