Tikal é, juntamente com Chichén
Itzá (México) e Copán (Honduras), um dos sítios arqueológicos maias mais
conhecidos do público em geral. Apesar das ruínas terem sido estudadas no séc.
XIX, foi apenas a partir de 1956 (e apenas até 1969) que a universidade de
Pensilvânia (EUA) e o Instituto de Antropologia e História da Guatemala uniram
esforços num projecto de grande escala de investigação, restauração e
reconstrução. Os principais edifícios, tais como os vemos hoje, resultam deste
esforço. Mais recentemente, desde 1991, têm sido os nossos vizinhos espanhóis a
ajudar a trazer de volta alguma da glória perdida de Tikal.

Visitamos Tikal no dia a seguir a
termos entrado na Guatemala, via El Remate, onde ficámos hospedados. Um minibus
passaria pelo nosso hostel às 5.30h, para podermos estar nas ruínas o mais cedo
possível, uma vez que nessa tarde iríamos seguir para Flores. De manhã cedo,
também se evitam as tours organizadas vindas de todo o lado (Flores, Cidade de
Guatemala, Antigua e até Belize!) e tem-se a oportunidade de ouvir
(literalmente) a selva a acordar com os primeiros raios de sol.
Neste dia aconteceu-nos algo de
inédito até agora (e esperemos que não se repita!), pois enganei-me a acertar o
despertador, pondo-o 1 hora atrasado! Quando de manhã cedo, ouvi alguém gritar
"Tikal, Tikal!", levantei-me da cama como uma mola e pensei:
"Estamos tramados!". Vestimo-nos e arrumámos as mochilas em questão
de minutos e viemos para a rua. Felizmente, o condutor tinha entretanto ido
buscar outros passageiros e voltou a passar para nos levar. Que alívio...
Tikal, juntamente com Calakmul,
foi a cidade que dominou a região no Período Clássico, atingindo o seu auge no
reinado de Ah Cacao, no séc. VIII.A área ocupada era enorme e, considerando que
as estruturas escavadas são apenas o centro da antiga cidade, tem-se uma ideia
dessa grandeza, uma vez que estas estruturas estão muito afastadas entre si
(distâncias que têm de ser percorridas a pé).


Tencionávamos assistir ao nascer
do sol do topo do templo IV (o mais alto de Tikal, com 65m, completado em 741 e
que formava a fronteira oeste do recinto cerimonial), mas entre a viagem de
autocarro e o percurso a pé de mais de 3km, o tempo não era suficiente.
Chegamos lá, no entanto, ainda com o sol muito baixo e sem ninguém à vista.
Aproveitámos para comer qualquer coisa (mais para enganar o estômago, enquanto
apreciávamos a vista dos templos cujo topo espreitava pela densa floresta.
Mesmo não sendo o nascer do sol que tínhamos imaginado (até porque o tempo
estava um pouco nublado), a verdade é que esta vista é um clássico! E os
pássaros brindaram-nos com um concerto de boas-vindas...
Descemos e dirigimo-nos à Gran
Plaza, onde se encontram os templos I e II, ambos de acesso proibido, e
alinhados no eixo oriente-ocidente. Restava-nos tirar fotos de baixo, mas o céu
ficava cada vez mais nublado. A Carla desesperava...
A norte e sul das pirâmides
encontram-se áreas residenciais e cerimoniais que agora se chamam de
"acrópoles" do norte, central e do sul. Na do norte, podem observar-se
2 máscaras enormes, representando provavelmente governantes. A Carla percorreu
todas as acrópoles em busca da perspectiva perfeita da Gran Plaza, mas o tempo
não ajudava nada...
Outra das atracções do sítio é o
templo V, localizado a este da acrópole sul, com 58m de altura e, ao contrário
dos outros grandes templos, com cantos arredondados. A ascensão ao topo já foi
possível, por uma escada vertiginosa de madeira, ao lado da escadaria da
pirâmide. No entanto, o 1º lanço da escada foi retirado e só é possível admirar
as vistas de baixo para cima...
A Plaza de los Siete Templos e El
Mundo são 2 conjuntos de edifícios perto da Gran Plaza, actualmente em
reconstrução e que acrescentam diversidade e grandeza ao conjunto das ruínas.
Finalmente, a 1,2km da Gran
Plaza, situa-se o templo VI, também chamado o Templo das Inscrições, mas cujas
inscrições estão muito apagadas. E foi neste percurso que, mesmo com repelente
de insectos, fomos quase devorados vivos! Isto para não falar no calor, e
principalmente na humidade... Vida de viajante é difícil!

Como ameaçava chover a qualquer
momento, e como já tínhamos visto as principais atracções, resolvemos
dirigirmo-nos para a saída. E em boa hora o fizemos, pois quando chegamos ao
centro de informações turísticas começou a chover torrencialmente! Antes de
apanharmos o autocarro das 14.00h para Flores (estávamos em Tikal desde as
6.15h!), ainda tivemos tempo de visitar o Museu Cerâmico, onde se encontram
peças magníficas retiradas das escavações e algumas fotos que documentam as
diferentes fases dos trabalhos. E isto sem pagar o bilhete necessário, graças à
generosidade do guarda e alguma conversa sobre o Real Madrid e o Cristiano
Ronaldo, que por estas bandas é amado ou odiado...