Yaxchilán e Bonampak destacam-se de todas as demais ruínas
de cidades maias devido a sua relativa inacessibilidade, pois situam-se
mergulhadas em selva tropical. Claro está que hoje os dólares (ou pesos!) do
turismo conseguem desbravar muito terreno e ultrapassar muitos obstáculos, por
isso a maneira mais prática e exequível de alcançar estes lugares é fazendo uma
tour de 1 (longo) dia organizada a partir da cidade de Palenque.

Yaxchilán situa-se nas margens do rio Usumacinta, no centro
da floresta de Lacandón e é só acessível de barco (ou avião). Depois de termos
percorrido, durante 3 horas, a Carretera Fronteriza, e de termos ultrapassados
os inúmeros topes (lombas em número descontrolado colocadas pelos locais) e um
corte de estrada por parte de uma população que reivindicava melhores condições
de acesso, chegamos as margens do rio que constitui fronteira local com a
Guatemala, e após 40 minutos de barco, chegamos finalmente a Yaxchilán. Construída entre 350 e 800 d.C., ficou
conhecida no século VIII, no reino do seu líder mais famoso,
"Escudo-Jaguar", e seu filho, "Pássaro-Jaguar", e foi
abandonada, por razoes desconhecidas, em 810.

O conjunto de ruínas é impressionante, quer pelo seu número
e qualidade, quer pela sua "imersão" na selva circundante. É fabuloso
(mas custoso!) percorrer os caminhos íngremes em direccao a "Pequena
Acrópole" e aos edifícios 39, 40 e 41, com os sons guturais dos macacos
uivadores como fundo, e sob o "peso" da enorme humidade e calor que se faz sentir na selva.
A Gran Plaza está situada a poucos metros da margem do rio,
e contém várias estelas bem preservadas, que representam os réis da cidade.
Subindo uma escada íngreme, chega-se ao edifício 33, o mais bem conservado do
conjunto, com metade do seu espigão de tecto ainda intacto.
Mas o edifício mais interessante, na nossa opinião, acaba por
ser o chamado "Labirinto", que serve de entrada a praça. Percorremos
alguns dos seus corredores (com a ajuda de um frontal) e tentei imaginar a
possível prova de coragem que poderia ter-se desenrolado aqui, na completa
escuridão, com um candidato maia. Sabe bem voltar a luz, e dar de caras com a
praça e os edifícios alinhados a nossa frente. Da escuridão a luz, assim foi o
mundo feito, assim é que o Homem cresce...

De volta ao barco e a carrinha da companhia, percorremos
mais alguns quilómetros em direcção as ruínas de Bonampak. Muito mais pequenas,
reflectem o facto desta cidade ter vivido no período Clássico na sombra de
Yaxchilán, sendo que os monumentos mais impressionantes foram construídos no
reinado de um sobrinho de um rei de Yaxchilán. A grande atracção são 3 salas
que contêm murais que representam cenas da vida maia clássica, em cores (ainda)
vivas. Uma das salas estava fechada para recuperação, e nas outras só podiam
entrar grupos de 3 pessoas de cada vez, uma vez que a respiração afecta a qualidade
dos murais. Numa das salas, está representada uma cena de guerra e de
sacrifícios de prisioneiros, enquanto na outra, pode admirar-se a consagração
do filho do último rei de Bonampak, seguro pelo pai e apresentado a um conselho
de nobres. Na realidade, o bebé nunca deverá ter sido rei, uma vez que a cidade
foi abandonada antes dos murais terem sido acabados.

Estava na altura de regressar a Palenque, e acabar um longo
e cansativo dia, mas também cheio de recordações que ficarão no "quadro de
honra" desta nossa "Rota dos Maias 2012".