Quando, no ano passado, tiramos o curso de mergulho
"Open Water" PADI nas águas que banham as ilhas Perhentian, na
Malásia, já estava mais ou menos decidido que neste ano iríamos viajar para o
México e Belize, onde se encontram alguns dos locais de mergulho mais famosos do
mundo. Desde então, nunca mais mergulhamos, por isso alguns dos procedimentos
estavam já um pouco enferrujados quando chegamos ao México (mas, apesar de ter
durado apenas 4 dias, o curso não foi tirado com equivalências). No entanto,
com um pouco de ajuda, estávamos convencidos que tudo correria bem, um pouco
como aquele que sabe andar de bicicleta nunca esquece!

Resolvemos fazer a nossa "prova de fogo" (neste
caso, de água) na ilha Cozumel. Fazendo parte do grande recife da América
Central, as suas águas cristalinas são ideias quer para snorkeling, quer para
mergulho em profundidade. Para fazer snorkeling de forma independente, basta
ter o equipamento necessário (óculos, tubo e barbatanas), que nós carregamos de
Portugal com este propósito! Para fazer mergulho ao largo da ilha, não temos
outra hipótese senão contratar os serviços de uma agência local de mergulho
(certificada). Acabamos por ficar com a Blue Magic Dive, gerida por um casal
americano, onde pagamos 175 USD (2 pessoas) por 2 mergulhos. O nosso "Dive
Master", de nome (artístico?) "Pumba", era simpático e durante a
viagem de barco fez-nos uma breve revisão dos procedimentos essências e dos
cuidados a ter. Estávamos acompanhados por um casal checo-americano com muita
experiência, por isso tivemos a atenção do Pumba só para nós!

Admito que estava um pouco apreensivo quanto ao mergulho.
Apesar de ter formação em natação e me sentir muito à vontade no mar, a verdade é que mergulhar a 20 m de profundidade é algo completamente diferente, pois
estamos num ambiente que não nos é familiar. Mas, quando chegamos ao local do
primeiro mergulho, "Palancar Gardens", não tivemos tempo para pensar:
vestir o fato térmico, colocar os pesos, vestir o BCD, colocar a máscara e
barbatanas, regulador na boca e... saltar para a água!

Ao sinal do Pumba, esvaziamos de ar do BCD e começamos a
descer lentamente, tendo sempre o cuidado de igualizar frequentemente a pressão
do ouvido interno com a da água. Uma vez em baixo, deve-se adicionar um pouco
de ar ao BCD para se conseguir flutuabilidade neutra, ou seja, não subir ou
descer (pelo menos, sem o desejarmos!). Isto é essencial para o mergulhador
poder movimentar-se à sua vontade e conseguir estar perto do que quer observar,
mas com o cuidado de não tocar com o corpo ou equipamento. A Carla teve algumas
dificuldades em o conseguir, tal como atestam as numerosas marcas que ela exibe
nas suas pernas (os corais não gostam de ser tocados... reagem de forma
nervosa!). Neste mergulho não levei máquina fotográfica (por ainda não me
sentir muito a vontade), mas vimos formações de coral que chegavam a atingir
18 m de altura, numa área com pouca vida marinha e onde atingimos 25 m de
profundidade.

Após uma pausa de cerca de 1 hora, em que aproveitamos para
conversar sobre viagens com os nossos companheiros, dirigimo-nos para o local
do segundo mergulho, "Passo del Cedral", com uma ondulação
considerável à superfície e uma corrente bastante forte em profundidade. Fomos
percorrendo um recife em parede (em que se podia observar de um dos lados o súbito
aumento da profundidade do fundo marinho), a favor da corrente, de tal forma
que não era necessário nadar, pois a corrente transportava-nos! Quando era
necessário nadar contra a corrente (para observar alguma coisa) é que era mais
complicado... Que foi o caso de uma tartaruga gigante, em que tive de me
esforçar bastante para conseguir tirar fotos e fazer um video.

La em baixo, o tempo parece correr mais depressa (embora a
Carla discorde...) e, pela reserva de ar, estava na altura de subir. Para um mergulho
a esta profundidade, e necessária realizar uma paragem de segurança de 3
minutos a 5 m de profundidade, de modo que o corpo se ajuste a descompressão
resultante da subida. Ao contrario do que parece a primeira vista, para subir
não e necessário adicionar ar ao BCD (neste caso, a subida seria muito rápida e
perigosa para o organismo), mas sim esvazia-lo completamente e nadar lentamente
para cima. Neste mergulho, não o fiz de forma completa e quando o Pumba e a
Carla pararam a 5 m, eu continuei para cima! No entanto, como subi lentamente,
não houve problema. É que, conforme subimos, a pressão do ar no BCD (por pouco
que seja) vai diminuindo e, consequentemente, expandindo, o que leva a
tendência de subir-se cada vez mais depressa.

A superfície, a ondulação era algo forte, e barco... Nem
vê-lo! Ainda tivemos de esperar, flutuando com o BCD cheio de ar, até que o
Pumba conseguiu sinalizar ao capitão do barco onde estávamos. Subir para o
barco, com aquela ondulação e corrente, também não foi fácil, mas tudo correu
bem.
Embora consciente que a massificação do mergulho nestes
locais traz danos irreparáveis aos corais e vida marinha, a verdade e que e
muito difícil resistir a tentação de experimentar nadar como um peixe (e com
eles!). A prática levará à perfeição e podemos sempre observar um mundo que nos é completamente oculto e que esconde maravilhas naturais tão bonitas e
extraordinárias quanto as que se podem encontrar à superfície deste nosso
planeta, chamado Terra, mas que poderia ser "Água"!