Coba é um sitio arqueológico localizado a cerca de 50 km de
Tulum, mas foi de Playa del Carmen que apanhamos um autocarro que, passando por
Tulum, nos deixou nas ruínas. Foram as primeiras que visitamos com chuva e,
infelizmente, não seriam as últimas! No trajecto entre Tulum e Coba, a chuva
caia abundantemente e temíamos que não teríamos sorte com o tempo, o que se
veio a confirmar. Quando chegamos, tivemos de proteger as mochilas e vestir os
impermeáveis, ainda antes de comprar os bilhetes e deixar as mochilas
arrumadas. Com o tempo assim, não se absorve o ambiente nem se goza a visita da
mesma forma, mas não tínhamos alternativa senão fazê-lo nesse dia.

Coba desenvolveu-se entre 300 e 1000 d.C. (com uma ocupação
assim muito anterior a vizinha Tulum) e situava-se no centro de uma rede de
estradas maias (sacbeob), em linha recta e pavimentadas em calcário, que
ligavam localidades e lugares de peregrinação. Pensa-se que mais de 40 dessas
estradas passariam por Coba, sendo o sitio arqueológico onde se encontraram
mais evidencias destas.
Hoje, a tradição mantém-se e continua a ter de se percorrer
estradas para chegar a Coba, uma vez que da bilheteira ao grupo principal de
edifícios distam 2,5 km, que podem ser percorridos a pé, de bicicleta ou de
bicitaxi. Escolhemos a primeira opção, mesmo sob a ameaça constante de chuva,
que agora tinha parado. O caminho estava encharcado e transpirávamos ainda mais
do que o habitual, debaixo dos impermeáveis.
A grande atracção deste grupo é a pirâmide de Nohoch Mul, a
mais alta da península do Iucatão (embora a de Calakmul dispute este prémio),
com 42 m de altura. Subindo com cautela (pois o piso estava escorregadio),
atingimos o cimo e desfrutamos de uma vista espectacular da selva circundante.
Foi pena o tempo, mas a estação das chuvas é mesmo assim, e a copa das árvores
envolta em neblina também faz parte da mística da selva.
Curiosamente, a arquitectura dos edifícios e o grande
número de estelas aqui encontrado revelam mais semelhanças com as ruínas da
Guatemala e Belize (mais a sul) do que com as da península, o que levou alguns
arqueólogos a especular que Coba e Tikal fizeram uma aliança por casamento de
famílias reais. As estelas em exposição encontram-se, no entanto, muito
deterioradas, sendo quase impossível discernir o que está representado (pelo
menos para um olho não treinado).
De regresso à estrada, passamos por um campo de jogo de
bola, com uma reconstrução bem evidente. Junto à entrada, encontra-se o grupo
Coba, onde se distingue o Templo de las Iglesias, uma enorme pirâmide
parcialmente escavada, com acesso vedado. Estas estruturas, semi-escavadas, têm
sempre um encanto que as outras, reconstruídas e limpas, não têm. Quando
olhamos para elas, viaja-se no tempo com mais facilidade, pois estaremos a ver
algo parecido com aquilo que os primeiro arqueólogos a chegar aqui terão visto.
Regressamos à entrada, fomos buscar as mochilas e esperamos
pelo autocarro que nos levaria até Tulum, junto a uma grande lagoa que terá
sido a principal fonte de água da cidade maia. Pois apesar de chover muito
nesta altura do ano, os maias sabiam que não duraria muito e que era preciso
aproveitá-la e guardá-la para tempos mais secos. Para nós, já chegava de chuva
por um dia e esperávamos por tempo mais propicio. O que não sabíamos era que o
furacão "Ernesto" estava a caminho...