A água entra-me pelo nariz. Sufoca-me. Fico com a água
salgada na garganta. Tenho de tirar a máscara debaixo de água e voltar a
colocá-la. Esta é a tarefa do curso de mergulho que me deixa mais
desconfortável e quase ao ponto de desistir.
As ilhas Perhentian têm fama de ter óptimos locais de
mergulho e ser o sitio ideal para se fazer um curso PADI. Essa foi uma das
razões que me trouxeram aqui. Em quatro dias pretendia fazer um curso de Open
Waters. Escolhemos a empresa Quive Dive Team, a única recomendada pela Nacional
Geographic. Terá sido uma boa opção?


Iniciamos o curso com o Matt, um instrutor experiente, mas
depois mudamos para o Eugene, um instrutor que aparentemente se estreou
connosco. Logo aí senti-me desconfortável. O novo instrutor não sabia bem o que
fazer, passava a vida a perguntar aos outros como fazer e para onde ir. Para
além disso, em 4 mergulhos open waters que fizemos, mergulhamos no mesmo local
duas vezes. Lugares como Shark point, Turtle point e outros, que são as imagens
de marca do mergulho em Perhentian, nem os vimos. Isto deixou-me bastante
desiludida com o curso. Esperava divertir-me mais e desfrutar do mundo
submarino. Na realidade, o que tivemos foram aulas teóricas, indispensáveis
claro, mergulhos em águas confinadas onde treinamos técnicas e, mergulhos em
mar aberto. Estes eram um pesadelo. O instrutor não conhecia os lugares e
passávamos o tempo a treinar as mesmas técnicas que fazíamos nos mergulhos de águas confinadas. Quando iniciávamos o mergulho propriamente dito víamos muito
pouco porque já não tínhamos muito oxigénio e também porque os lugares escolhidos não
eram os melhores.


O curso não é fácil. Tive que superar alguns medos,
nomeadamente nadar 200 m em alto mar, trocar de máscara, ficar com o nariz
aberto debaixo de água, etc. Algumas tarefas foram bastante complicadas.
Os dias começavam cedo. As 8 h da manhã estávamos a tomar o
pequeno-almoço e terminávamos as aulas as 20 h. Foram dias cansativos e nas últimas horas do dia já não tinha forca física nem psicológica. No final do
curso e embora tenha tido aprovação, senti-me defraudada. Não vi os melhores
lugares de mergulho, não vi os tubarões, não vi as tartarugas e não desfrutei
do mundo subaquático.
Será isto um curso PADI? Serão só
exercícios e técnicas? Se é assim, para quê tirá-lo numa ilha paradisíaca na
Malásia? Talvez as minhas expectativas fossem muito elevadas. Talvez. Mas,
talvez tenhamos escolhido a agência errada. Infelizmente, esta opção
condicionou a minha primeira experiência neste mundo. O mundo subaquático que
tanto me fascinou no Mar Vermelho parece que se desfez no Mar da China.