Cheira-me a caril, parece que
estou na Índia! Afinal não, este cheiro intenso a incenso faz-me lembrar a
China. Escuto os chamamentos da mesquita. Este lugar deixa-me confusa. Afinal,
onde estou eu? A resposta é Kuala Lumpur, a capital da Malásia.
A Malásia é um dos países
asiáticos onde a mescla cultural é mais evidente. Encravada numa península, o
país resulta do articular de diferentes culturas asiáticas concedendo-lhe
características mais "multi-culturais" do que propriamente uma
"identidade cultural".
A maioria do país está rodeado
pelo Mar da China e pelo Estreito de Malaca, sendo que a sua única fronteira
terrestre é com a Tailândia e Singapura. No entanto, a Malásia possui território na ilha de
Bornéu. Apesar das reduzidas fronteiras terrestres, o país recebeu influencias
variadas que hoje marcam o dia-a-dia de Kuala Lumpur.
Desde muito cedo, a localização
deste país atraiu os mercadores de todo o mundo. Inicialmente foram os siameses
de Funan, seguidos pelos indonésios, os muçulmanos da Pérsia, os chineses, os
portugueses, os holandeses e os ingleses. Na segunda Guerra Mundial chegariam
os japoneses que ocuparam o território malaico durante 3 anos. Mais de 600 anos
de história podem-se ver nas ruas de Kuala Lumpur.
A religião muçulmana é dominante
e abundam as mesquitas por toda a cidade. A maioria das mulheres usa o véu e
muitas cobrem-se totalmente de negro.
Da influência chinesa resta
Chinatown, a alma comercial da cidade, onde existem templos budistas e taoístas
que fervilham de vida nas primeiras horas da manhã. Alguns metros a norte, as
casas herdadas do período colonial europeu não deixam esquecer que os
"bengalis brancos" estiveram por aqui. Da ocupação japonesa sobrou
muito pouco. Os malaios preferem esquece-la.
Actualmente, os
"invasores" são outros. São emigrantes que aqui procuram melhores
condições de vida do que na maioria dos outros países asiáticos. Os indianos,
bangladeshs e paquistaneses invadem a capital malaia. A chamada "Little
India" já faz parte da orgânica urbana moderna. Comércio de saris, dals
(comida típica indiana), naan, lenços e templos hindus fazem agora parte
integrante de Kuala Lumpur.

Desde a independência (1957), a
Malásia modernizou-se e depois da década de 90, a Malásia cresceu para o mundo.
O símbolo desse crescimento são as torres Petronas, um dos maiores símbolos da
comunhão do capitalismo e do islamismo. As torres gémeas foram inspiradas em
minaretes das mesquitas e atingem 462 m de altura. Outrora o edifício mais alto
do mundo, hoje ocupa um "modesto" quarto lugar. Subir a ponte que
liga as duas torres (Skybridge, a 170 m de altura) é possível, mas nós não
conseguimos fazê-lo. A bilheteira abria as 8.30 h e quando lá chegamos, as
8.15 h, já não havia bilhetes suficientes para satisfazer todas as pessoas que
aguardavam na fila. Optamos por visitar outro edifício, a Torre Menara KL, um
pouco mais a oeste. Infelizmente, o tempo estava um pouco nublado mas permitiu
uma vista privilegiada sobre a cidade e inclusive sobre as Petronas.

O CBD (Central Business District)
de Kuala Lumpur é o retrato dum país que se moderniza. Os inúmeros edifícios de
arquitectura moderna atraem muitos turistas, essencialmente asiáticos. As
Torres Petronas estão sempre cheias de gente, quer de dia, quer de noite, altura
em que são ainda mais bonitas. Os centros comerciais fervilham de vendedores e
compradores. Todos parecem satisfeitos. Até eu, que comprei uma Canon 7D! Kuala Lumpur parece ser uma
capital natural de um país que encerra em si tamanha diversidade cultural. No
entanto, ainda não foi aqui que descobri a identidade que procuro. Vou rumar às
montanhas no norte da Malásia. É lá que espero encontrar a cultura malaia.
Será que as montanhas preservaram algo que a capital não conseguiu fazer?