O que trouxe Jim Thompson a Cameron Highlands? O
que me trouxe a Cameron Highlands? O que nos traz a Cameron Highlands são as
mesmas razões: o clima fresco da montanha no seio da floresta equatorial, as
encostas ocupadas pelas belas e extensas plantações de chá, os saborosos
morangos que hoje são a imagem de marca da região, e a simpatia de um povo.
Passaram mais de 40 anos do desaparecimento de Jim Thompson, mas as Cameron
Highlands continuam a atrair viajantes estrangeiros.

Jim Thompson será um desconhecido
para a maioria dos habitantes do planeta, no entanto, este inglês foi
responsável pela fundação da indústria da seda tailandesa, depois da Segunda
Guerra Mundial. Um pouco por todo o sudeste asiático ele é uma referencia e foi
graças à forma como sempre tratou os locais que, também hoje, os ocidentais são
vistos com bons olhos. Apesar de Jim Thompson ter vivido grande parte da sua
vida em Bangkok, foi em Cameron Highlands, onde possuía uma casa de férias, que
acabou por desaparecer sem deixar rasto. Muitas são as teorias do seu
desaparecimento. Para muitos um suicídio, para outros rapto ou assassinato. A
verdade e que Jim Thompson desapareceu durante um trekking, corria o ano de
1967. A população de Cameron Highlands não esqueceu este episódio e hoje, transformou-o
num "percurso turístico". É possível seguir os passos do industrial
da seda, no que terá sido o seu último percurso.

O clima húmido e quente da
Malásia, nas Cameron Highlands dá lugar a um meso-clima com temperaturas amenas
e noites mais frescas devido a influência da altitude. Embora Tanah Rata, a
localidade mais importante da região, esteja a apenas 1400 m de altitude, os
picos das montanhas circundantes atingem os dois mil metros. A principal razão
que me trouxe aqui não foi o clima (embora tenha que admitir que é fantástico
para quem anda na Malásia há uma semana) mas sim as extensas e luxuriantes
plantações de chá. Visitamos jardins de rosas, quintas de morangos e de
borboletas mas, em qualquer dos casos, nada supera as paisagens das plantações
de chá, quer de Boh Sungai Pasar ou de Bharah.


Vertentes inclinadas estão
intensamente agricultadas e desafiam as leis da física. Os arbustos de chá
parecem escorregar vertente abaixo e ajudam a suster um solo fértil mas que em
breve se tornará estéril. O Homem tem vindo a destruir a floresta equatorial da
Malásia a um ritmo estonteante e as Cameron Highlands não são excepção. As
florestas estão a ser abatidas para darem lugar às plantações de chá e as
estufas de flores, legumes e frutas. Para já, a população parece satisfeita.
Tem mais alimento, o número de turistas aumentou, assim como as receitas
provenientes do turismo. Até quando durará a bonança? Os solos equatoriais têm
uma aptidão agrícola muito limitada. O chá parece resistir aqui há mais de um
século mas os legumes e frutas são recentes. Os viajantes chegaram com Jim
Thompson e continuarão a aumentar.


As Cameron Highlands, embora fora
dos percursos turísticos tradicionais da Malásia, parecem reunir o consenso
entre os viajantes e locais: é um local obrigatório, quer seja pela paisagem,
pelo sabor, pelos aromas ou simplesmente, para deixar de transpirar durante
alguns dias.