Quando visitamos Tzfat, em
português Safed, estávamos longe de saber que esta cidade tão tranquila tinha
sido atingida por vários mísseis lançados pelo Hezbollah em 2006. Tzfat
localiza-se na chamada Alta Galileia e faz jus à sua região já que é a cidade
situada a maior altitude no estado de Israel, à cota de 900 m.
Tal como Jerusalém, Tiberiades e
Hebron, Tzafat engrossa o grupo das quatro maiores cidades sagradas para o
Judaísmo. No entanto, tornou-se especialmente célebre pela vertente mística
desta religião designada por Kabbalah.
As várias sinagogas da cidade
exibem estranhas alusões ao Monte do Templo e à Mesquita do Domo da Rocha para
lembrar que a construção do Terceiro Templo Judaico em Jerusalém ainda está
para vir.
Tzfat foi, um pouco como todas as
cidades palestinianas, alvo de grandes massacres no ano de 1929 entre judeus e
muçulmanos, mas depois de 1948, os muçulmanos foram obrigados a abandonar a
cidade e hoje a totalidade da população é judia. A própria família de Mahmoud
Abbas, actual líder da Autoridade Palestiniana, teve que deixar a cidade e
refugiar-se na Cisjordânia.
O antigo bairro muçulmano foi
transformado num bairro de artistas e acolhe agora galerias de arte. O bairro
judeu transformou-se numa espécie de museu ao ar livre (embora nada comparável
com Mei Shaerin, em Jerusalém) com a população local vestida de forma
tradicional e envolvida nos seus afazeres diários. Entre os dois bairros, uma
rua ainda cercada por arame farpado exibe uma placa que recorda que em 1948
este era um dos locais mais disputados do mundo. O edifício abaixo também não
deixaria esquecer esta realidade já que exibe várias marcas da guerra.
Hoje, a presença militar na área
é muito grande. Estamos a cerca de 15 km da fronteira com o Líbano e numa das
cidades sagradas para os judeus, sendo totalmente ocupada por população
judaica. Estes acreditam, inclusive que o Messias aparecerá em Jerusalém vindo
de Tzfat.
No entanto, os militares parecem
bastante descontraídos. Comem e bebem nos bares da cidade, tiram fotos com
turistas locais e passam inclusive as armas às crianças para posarem para a
fotografia. Desta vez as armas não eram de brincar! Estamos num verdadeiro
destino turístico para os israelitas!