Atravessando o golfo de Aqaba
começo a vislumbrar o território da Jordânia. Aqaba, foi o primeiro local onde
paramos mas apenas para tirar o visto de entrada e levantar dinheiro. Apanhamos
um táxi com um casal peruano para Wadi Rum. Quando chegamos já era noite pelo
que ficamos na Rest House a dormir no telhado.
O Deserto de Wadi Rum cobre uma
área de 720 km² com grandes montanhas de arenito e granito. A morfologia do
local concede-lhe um aspecto peculiar que há séculos atrai os viajantes. Os
pináculo rochosos, que parecem sair do seio das areias laranjas, chegam a
atingir 1 800 m de altura.
E fácil perceber que a área esta
profundamente fracturada já que as paredes rectilíneas e os vários canhões
estreitos e profundos disso constituem boas indicações. Espelhos de falha
magníficos exibem petroglifos dos nabateus, um pouco por todo o deserto. Mais
recentemente, os beduínos continuam a desenhar nestas paredes rochosas e
registam cenas da sua vida quotidiana.
As tribos beduínas são a alma de
Wadi Rum. As suas tendas pintam ocasionalmente a paisagem. Devido ao carácter
nómada deste povo, Wadi Rum mostra-se diferente de estação para estação. O gado
(cabras e camelos) povoa o deserto em busca de alimento. Esperávamos um
contacto mais próximo com os beduínos e ser recebidos num acampamento, no
entanto, tal não aconteceu. Ficamos em mais um acampamento turístico com um
grupo de motards polacos! Mas, tivemos o céu e as estrelas por companhia...
Apesar de esperarmos frio para as
noites do deserto, tal não aconteceu, nem aqui nem no Sahara. A forte amplitude
térmica diária que caracteriza as temperaturas do deserto, pelo menos nos dias
que por cá passamos, já não são a mesma coisa! A areia absorve pouca radiação solar
durante o dia já que não consegue reter o calor deixando-o perder-se
rapidamente durante a noite (devido ao albedo).
No entanto, nos dias que passamos
no deserto contamos sempre com temperaturas que rondavam os 30 graus a noite.
Era tão abafado que só se conseguia dormir bem entre as 3 h e as 6 h da manha!
Wadi Rum faz parte do imaginário
de muitos viajantes desde as aventuras de T.E. Lawrence, mais conhecido por
Lawrence das Arábias, na I Guerra Mundial. Os beduínos ganharam notoriedade no
ocidente quando se juntaram as forças revoltosas árabes sobre o comando do rei
Faisal e lutaram juntamente com Lawrence da Arábia durante a Revolta Árabe
(1916-1918) com o intuito de conseguir independência dos Turcos Otomanos. As
suas memórias foram imortalizadas no livro "Sete Pilares da
Sabedoria".
No dia que passamos em Wadi Rum,
deambulamos pelo deserto percorremos vários canhões, nomeadamente o khaz'ali,
subimos pontes de rocha suspensas e dunas de areia vermelha. No dia seguinte
regressamos a aldeia de Rum numa viagem de duas horas de camelo que deixaria
mazelas para o futuro!