Um dos ícones do Médio Oriente,
situado na região interior da antiga Palestina, o Mar Morto banha a Jordânia,
Israel e Cisjordânia (territórios palestinianos ocupados). Também conhecido
como lago Asfaltite é alimentado pelo rio Jordão, e de dia para dia, vê o seu
caudal diminuir. Apesar da designação, o Mar Morto não passa de um lago
extremamente salgado com 82 km de comprimento, 18 km de largura e uma área de
1020 km 2.
Este local, ímpar no planeta
Terra, detém dois recordes extraordinários. O primeiro consiste no facto de ser
o local com maior altitude negativa do planeta. Em termos médios o mar está 417
m abaixo do nível médio das águas do mar. Esta situação associada às
características climáticas locais, clima sub-tropical seco e desértico, faz com
que o calor sentido nas suas margens durante o verão seja praticamente
impossível de aguentar. A água escorre pelo corpo, o ar é pesado e difícil de
respirar.

O segundo record que o Mar Morto
detém está associado à salinidade das suas águas. A alta concentração de sal na água e incomparável com qualquer outro lugar na Terra. Cerca de 300 gramas de
sais para cada litro de água é um valor extremamente elevado já que o normal na água do oceano é de 30 gramas para cada litro de água (10 vezes inferior).
Sendo assim, estas águas tem o mais alto grau de salinidade e densidade do
mundo e são ricas em potássio, magnésio e bromo, assim como em sal de cozinha e
sais industriais. Como resultado o desenvolvimento de vida é impossível e o mar é desprovido de qualquer tipo de peixe ou algas. Como o mar é alimentado pelo
rio Jordão, que tem inúmeras espécies de peixe, estes ao chegarem ao mar morrem
instantaneamente. Esta característica levou a população local a baptizar este
local com o nome que tem hoje: Mar Morto.

Hoje, a concentração de sal nas águas atrai muitos banhistas já que aumenta a flutuabilidade dos corpos. Mal se
entra nas águas deixamo-nos levantar, o nosso corpo bóia e é difícil voltar a
colocar os pés e pernas no chão. Nos locais onde não temos pé é possível caminhar
dentro de água sem tocar no fundo. É uma sensação extraordinária e
indescritível. É diferente de tudo o que já experimentamos até hoje.

Para compreender a elevada
salinidade das águas do Mar Morto é necessário perceber um pouco da sua origem
geológica. Nos períodos Jurássico e Cretácico (de 208 a 66 milhões de anos), o
Mar Morto fazia parte do extenso Mar Mediterrâneo que cobria a Síria e a Palestina
(hoje Israel, Territórios Palestinianos Ocupados e Jordânia). Na época
Miocénico (de 23 a 5 milhões de anos) formou-se uma depressão onde se situa o
mar Morto através do soerguimento por acção da tectónica das terras altas da
actual Jordânia e Palestina. Esta situação criou a morfologia local que hoje
podemos observar: o mar encaixado numa depressão tectónica com altitude
negativa rodeado por montanhas e com elevada concentração de sais.

Os spas estão um pouco por todo o
lado já que as lamas do Mar Morto são tidas como terapêuticas e com resultados
muito positivos para o tratamento de pele. Não poderíamos deixar de
experimentar também esta opção! Claro que não num spa mas nas margens da praia
pública mais popular do Mar Morto, Amman Beach.
Nos últimos anos, o Mar Morto
perdeu uma parte significativa da sua superfície essencialmente devido a
exploração excessiva da água do rio Jordão, única fonte de água doce da região,
para além da natural evaporação das suas águas. No entanto, ao contrário do que
acontece por exemplo no Mar Aral, aqui a água é utilizada para irrigar os
campos e produzir alimento para a população dos países que o rodeiam. O
resultado é uma diminuição de cerca de 1,6 m de água por ano.
Numa região desértica a água faz
a diferença entre a vida e a morte, e o Jordão é um recurso importantíssimo, quer para Israel, quer para a Jordânia (daí que seja também mais uma fonte de
conflito).