A nossa primeira incursão na
Cisjordânia... Estávamos um pouco ansiosos em saber como correria, como seria
do outro lado do Muro. Fomos num autocarro local, de manha cedo, e depressa nos
aproximamos do posto de controlo.
No sentido em que íamos, não houve problemas
nenhuns, passamos sem parar. A zona fronteiriça tinha um aspecto urbano
bastante desagradável e degradante, o que nos fez pensar no pior. No entanto,
quando chegamos a Ramallah, vimos que nos encontrávamos numa cidade árabe bem
organizada, longe de estar degradada, pelo menos mais do que muitas por onde já
passamos! Era bem cedo, e o comercio ainda estava fechado, por isso decidimos
ir logo visitar um local que nos interessava: o túmulo de Yasser Arafat,
combatente palestiniano e presidente da OLP (Organização para a Libertação da
Palestina).

Em 2005, Yasser Arafat estava mal de saúde e passou meses preso no
seu escritório, rodeado pelas forcas israelitas que tinham invadido a cidade.
Eventualmente, foi transferido para um hospital em Paris, onde viria a falecer.
No local onde passou os seus últimos dias na Palestina encontra-se agora uma
Mesquita, com o seu túmulo num edifício ao lado. Penso que hoje, apesar do
conflito israelo-palestiniano ainda não ter sido resolvido, Yasser Arafat
estaria satisfeito (embora não totalmente, claro...) com alguns dos passos que
foram dados. Ramallah e hoje a sede da Autoridade Palestiniana, e e, tal como
Belém, Nablus e Jenin, completamente administrada (civil e militarmente) pelos
Palestinianos.
A seguir, regressamos ao centro
da cidade, onde começava a haver movimento, e onde fizemos um percurso por
algumas ruas. Visitamos ainda uma parte mais antiga da cidade, pequena, pois a
cidade e de (re)construção recente.
Tínhamos de regressar, pois
queríamos ir para Belém. Por razoes do controlo rodoviário israelita, tivemos
de regressar a Jerusalém e cruzar novamente o Muro. Pouco antes do posto, a
maior parte dos ocupantes do autocarro saiu, restando apenas aqueles com
passaporte estrangeiro. A nos, apenas foi confirmado o passaporte e o carimbo
de entrada no pais. Quanto aos outros, tiveram de passar por outro lado
(sujeitos a um controlo mais apertado) e reentraram no autocarro uns metros a
frente. Numa das paredes do Muro, podia ver-se um mural pintado, com a face de
Yasser Arafat, e no qual se podia ler "Free Palestine". Desta forma,
e de muitas outras, Arafat continua, mesmo depois de morto, a estar presente na
luta deste povo pela sua auto-determinação.