Recentemente galardoada com o
título de "Maravilha do Mundo", a cidade antiga de Petra é, sem
dúvida nenhuma, a maior atracção turística da Jordânia. Povoada desde a
pré-história, foram no entanto os Nabateus, povo originário do Nordeste da Arábia,
que construíram a cidade cujas ruínas atraem hoje turistas de todo o Mundo
(embora metade deles sejam italianos!). O sucesso deste povo assentava
aparentemente no aproveitamento, controle e conservação da água, bem precioso
neste terreno desértico. Podem observar-se os canais de água (ou o que deles
resta) nas paredes da garganta (chamada Siq) que constitui entrada para Petra
e, no fim da qual, se tem a visão mais clássica e conhecida de Petra: o Tesouro
(chamado assim porque se pensava que albergava um tesouro de um faraó).

O
momento em que a fachada do monumento surge, na sua tonalidade rosa, por uma
abertura nas escuras e apertadas paredes do Siq é aquele que a maior parte dos
turistas retém como principal recordação de Petra. Até Steven Spielberg se
rendeu a beleza deste lugar, que serviu de cenário ao local onde se encontrava
escondido o Santo Graal, no terceiro filme da série "Indiana Jones".
Quem não se lembra de Harrison Ford e Sean Connery a percorrerem, a cavalo, a
garganta em busca do cálice sagrado? A verdade é que os Cruzados também
passaram por aqui no século XII, assim como os Romanos, os cristãos e os
árabes, sendo esta mistura de povos e culturas bem evidente na profusão de
estilos arquitectónicos que se podem admirar em Petra. Mas Petra é muito mais
do que o Tesouro!

Na realidade é uma cidade inteira, que abrangia uma área
considerável em terreno montanhoso e desértico. Para se visitar todos os locais
de Petra (sem contar com aqueles que ainda estão enterrados), seriam
necessários vários dias e é por essa razão que existem bilhetes de entrada de
1, 2 ou 3 dias. Escolhemos comprar um bilhete de 2 dias, que nos custou a
módica quantia de 38 JD (aproximadamente equivalente a 40 euros) mas ficamos a
saber que, a partir de Novembro, este bilhete passara a custar 60 JD! É a
inflação jordana... Mas vale bem a pena!


Em Petra podemos dividir os
locais de interesse conforme a sua acessibilidade. Ao longo da principal via de
acesso (que continua após o Tesouro) podem visitar-se os túmulos reais e a
"baixa" da cidade, onde se distinguem o teatro romano, a rua
colunada, o grande templo e uma imponente porta de entrada para o perímetro
sagrado da cidade. É de realçar que as escavações (financiadas e executadas por
países estrangeiros, com destaque para os EUA) continuam, por exemplo no grande
templo, descoberto apenas nos anos 90. É este conjunto de monumentos a que as
visitas organizadas (de um dia) a Petra dão atenção, e a verdade é que se fica
com uma boa ideia da cidade se se visitar apenas estes locais. Mas vale a pena
ficar mais um dia para poder visitar dois ou três locais mais afastados.


No nosso primeiro dia (da parte da tarde), visitamos o Altar-Mor de Sacrifício, situado no cimo de uma montanha, a 1035 m de altura, ao qual se chega depois de uma subida exigente, em degraus gravados na pedra, e que é um dos locais de sacrifício (animal e humano?) mais bem preservado do mundo antigo. No topo tem-se uma vista espectacular sobre Petra e podem admirar-se altares de sacrifício (com sistema de drenagem de sangue e tudo!) e cisternas de ablução. Na descida, pelo outro lado da montanha mas igualmente exigente, pudemos observar uma serie de túmulos interessantes. Este trek foi todo feito na hora de maior calor! (que aqui no entanto não se compara ao do Egipto)

No segundo dia, decidimos subir
ao Mosteiro (chamado assim porque tem muitas cruzes cristãs inscritas na
rocha), um monumento do século I a.C., também no cimo de uma montanha. Como as
nossas energias têm limite, decidimos ir para cima de burro, o que também
acabou por ser uma aventura pois os nossos burros competiam para ver qual o que
subia mais rápido e vertiginosamente os 800 degraus da subida! Chegados ao
cimo, a Carla ainda não estava satisfeita e quis subir um pouco mais para poder
replicar a foto da capa do guia da Lonely Planet, ou seja, subimos a enorme
cúpula do mosteiro e aí pudemos apreciar as vistas e, claro, tirar muitas
fotos!

Nesse mesmo dia, era nossa
intenção subir a um ponto alto onde se pode ter uma vista privilegiada de cima
para baixo sobre o Tesouro, e que também dá uma foto clássica! Infelizmente os
guardas não nos deixaram subir por onde queríamos, sendo a única alternativa
fazer uma subida extenuante de uma hora e meia (sem contar com o regresso...).
Mesmo pesando a frustração da Carla, decidimos que não valia a pena e
sentamo-nos na esplanada de um café frente ao Tesouro, a admirá-lo um pouco
mais antes de nos irmos embora de Petra.