Foi com bastante curiosidade que embarquei, juntamente com a Carla, nesta pequena grande aventura por terras marroquinas. Isto porque tenho um grande interesse pela cultura islâmica, nas suas diferentes manifestações, quer sejam estritamente do foro religioso, quer as sociais, culturais e artísticas. Ao longo deste blog, a Carla já foi discorrendo, e muito bem, sobre as diferentes características desta cultura. Por mim, quero aqui apenas reflectir um pouco sobre o aparente conflito de civilizações que se continua a desenrolar neste séc. XXI, entre o que podemos chamar a civilização ocidental, de raiz cristã, e a civilização árabe, de raiz islâmica.
Admito que parti do Porto com alguns preconceitos…Não sei se lhes devo chamar assim. São mais sentimentos baseados nos meus gostos pessoais. Por exemplo, uma coisa que me custa suportar é o espírito mercantilista que domina esta cultura. As cidades são basicamente mercados gigantes, em que praticamente tudo é fabricado e comercializado nas ruas. Artesãos fabricam nas traseiras das casas o que é vendido à porta dessas mesmas casas. Muito barulho, muita confusão, muitas pessoas… Tudo coisas que me custa suportar.

Outro aspecto que me é particularmente caro é a questão do conhecimento. Em Marrocos pude constatar, admito que com um certo espanto, que não há qualquer produção literária que não seja religiosa. Filosofia, política, geografia, história, matemática, física… NADA! As poucas livrarias que vi em toda a viagem só tinham livros religiosos, pelo menos era o que aparentavam ser, pois não sei ler árabe. Livros escritos numa outra língua, nem pensar! A única livraria com livros fora deste padrão que consegui encontrar foi a auto-denominada (e bem!) “primeira livraria de Marraquexe”, a FNAQUE! Um nicho minúsculo, perdido no meio de um souq caótico, com meia dúzia de livros de carácter turístico, escritos em inglês. Foi o primeiro país que visitei em que senti a completa falta de divulgação de conhecimento. Quando regressámos a casa, fizemos escala em Madrid. Entre voos, ainda tivemos tempo de dar um salto à cidade, onde passei pelas livrarias “El Corte Ingles”, “Casa del Libro” e “Fnac”, onde estavam espalhados cartazes alusivos ao dia 23 de Abril, dia mundial do livro, quando algumas livrarias da cidade permaneceriam abertas toda a noite, com preços com desconto. Que contraste!

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