Os testemunhos do Império Romano


Num dos dias que passamos em Roma decidimos visitar os edifícios mais emblemáticos do outrora Império Romano, o Coliseu e a área envolvente, nomeadamente o Fórum Romano, o Palatino e o Mercado de Trajano.
O Coliseu foi, naturalmente, a nossa primeira opção. Primeiro, porque é provavelmente o monumento que atraí mais visitantes em Roma e, segundo porque se trata de uma das 7 novas maravilhas do mundo. Depois de estar quase uma hora na fila para adquirir os bilhetes de ingresso e entrar (facto talvez explicado pelo título de Maravilha do Mundo, em 2007), lá conseguimos visitar o recinto que foi palco das maiores lutas de gladiadores dos tempos aúreos do Império Romano. Também conhecido como Anfiteatro Flaviano, o Colosseum (ou Coliseus, no latim tardio) deve o seu nome a uma estátua colossal de Nero, que alegadamente se situava no exterior do recinto. Construído entre 70 e 90 d.C., foi iniciado por Vespasiano e mais tarde inaugurado por Tito mas ainda inacabado. Finalmente, foi Domiciano, filho de Vespasiano e irmão mais novo de Tito, que o concluiu por volta de 81 a 96 d.C. O Coliseu é um local mítico, já que a ele se associa as imagens das lutas de gladiadores. No entanto, este era um local onde foram exibidos vários espectáculos, inseridos nos vários tipos de jogos realizados na urbe. Os combates entre gladiadores, chamados muneras, eram, claramente, os mais populares e sempre pagos por pessoas individuais em busca de prestígio e poder. Estrategicamente localizado no centro de Roma, o Coliseu apresenta um volume e relevo arquitectónico majestoso. Com uma capacidade para 50 000 pessoas (feito notável na altura), e com 48 metros de altura, demorou entre 8 a 10 anos a ser construído. De acordo com estudos efectuados, o Coliseu foi utilizado durante aproximadamente 500 anos, ainda depois da queda de Roma em 476. Depois da queda do Império Romano, o edifício deixou de ser usado para entretenimento e espectáculos, e passou a ter outras utilizações, tais como habitação, oficina, forte, pedreira, sede de ordens religiosas e templo cristão, etc.

Actualmente, ainda se sente a imponência majestosa de tamanha construção, quer no interior como no exterior. Embora em ruínas, devido a terremotos e pilhagens, o Coliseu sempre foi visto como símbolo do Império Romano, sendo um dos melhores exemplos da sua arquitectura. Grande parte das rochas que faltam no edifício foram tiradas pelos próprios habitantes de Roma para a construção de inúmeros edifícios um pouco por toda a cidade. Quando saímos do monumento reinava entre nós um sentimento de satisfação, "Já vimos 4 Maravilhas do Mundo Moderno!" foi o que dissemos um ao outro enquanto riamos...
Seguimos em direcção ao Fórum Romano e ao Palatino, cuja entrada já estava incluída no bilhete do Coliseu (12€).
O Fórum Romano (em latim Forum Romanum), outrora o principal centro comercial da Roma Imperial, era o centro nevrálgico de Roma, o local onde haviam lojas, praças de mercado e de reunião. Originalmente erigido num terreno pantanoso, que terá sido drenado, hoje alberga as ruínas de alguns dos edifícios urbanos mais emblemáticos da Idade Romana. No fórum destacam-se váios templos em ruínas, tais como, o Templo de Castor e Pólux, o Templo de Rômulo, o Templo de Saturno, o Templo de Vesta, o Templo de Vênus e Roma, etc. Mas, o recinto está também recheado de basílicas, algumas das quais verdadeiramente "encrustadas" em templos, tais como a Basílica Aemilia, a Basílica Giulia e a Basílica de Constantino e Maxêncio. No entanto, os monumentos mais bem preservados do Fórum são os arcos romanos, nomeadamente o Arco de Septímio Severo, o Arco de Tito, o Arco de Tibério ou o Arco de Augusto. O Fórum Romana é cruzado pela Via Sacra, que o liga ao Coliseu, um caminho de procissão, ainda hoje utilizado pelo Papa na Sexta-feira Santa.

Quando percorremos o recinto sentimo-nos transportados no tempo e a Roma moderna parece uma cidade distante. A sensação que nos envolve neste local é de nostalgia. Como se pôde transformar num aglomerado de ruínas uma cidade como esta? Talvez a resposta seja a mesma que se aplica às civilizações Maias ou Incas, mas na realidade é incompreensível! Será este o destino das grandes construções contemporâneas mundiais? Quanto mais penso nisto mais me parece que seja esta a resposta. Tudo o que o Homem constrói no planeta é efémero, só ele é que ainda não percebeu.

Depois de almoçar sentados nas ruínas centenárias do Fórum Romano, dirigimo-nos para o Palatino. O Monte Palatino, uma das sete colinas de Roma, tem 70 m de altura e situa-se entre o Fórum Romano e o Circo Máximo. Este museu ao ar livre, tem acesso pelo Arco de Constantino, o melhor exemplar dos arcos romanos.

Palatino deve o seu nome ao deus dos pastores - Pale, que segundo a lenda da fundação de Roma, aqui edificou uma cidade quadrada. Toda a área está repleta de vestígios arqueológicos, já que este local é habitado desde a idade do Ferro, acolhendo também ruínas da muralha de Roma (séculos VI–IV a.C.), uma cisterna, templos de Júpiter, de Vitória e da Magna Mater (Deusa-mãe, a Grande Mãe) do século III a.C. Se o Palatino já não estava recheado de história, foi também este local que os imperadores romanos escolheram para eregir os seus palácios agora em ruínas. É o caso dos palácios de César Augusto, Tibério e Domiciano. Há mesmo quem diga que o termo palácio provém de Palatium.

Um pouco mais à frente, e depois de tentarmos sem sucesso visitar a prisão Marmertine onde o apóstolo Pedro e Paulo foram encarcerados, visitamos o Mercado de Trajano. Este é um complexo de edifícios comerciais (alguns com 6 andares) da época imperial, do início do século II.

Ao lado ergue-se opolentamente na paisagem a Coluna de Trajano, um monumento construído sob a ordem do imperador em comemoração das vitórias das campanhas militares contra os Dácios. Com cerca de 30 metros de altura mais oito metros de pedestal, perfazendo 38 metros de altura, é constituída por vinte blocos de mármore, cada um pesando 40 toneladas. No seu interior, dizem que existe (porque eu não vi!) uma escada em espiral com 185 degraus que dá acesso à plataforma do topo. Esta coluna é extremamente importante porque apresenta várias figuras em baixo relevo que contam a história da guerra contra os Dácios. Na altura, os romanos massacraram os Dácios e alguns historiadores consideram a construção da coluna um monumento em homenagem a um "genocídio". Quereria a ironia do destino que no seu topo, outrora encimeirado pela estátua de uma ave e depois pelo Imperador Trajano, viesse a ostentar a estátua de São Pedro, desde o século XVI.

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