A Via Appia Antica foi uma das estradas principais da antiga Roma e deve o seu nome a Ápio Cláudio Cego, que iniciou sua construção em 312 a.C. aquando das inúmeras obras que empreendeu na cidade. A estrada, que se estendia de Roma a Cápua, numa distância de aproximadamente 180 quilómetros, foi considerada a Regina Viarum (rainha das estradas). Esta, apresenta grandes pedras, alisadas pelo tempo e pelo desgaste dos veículos, e bermas bem delineadas.
Toda a Via Apia era conhecida quer pela sua extensão (que chegou atingir mais de 300km no império de Trajano), quer pela sua extraordinária beleza: dos dois lados do pavimento foram surgindo casas residenciais, templos e mausoléus que conferiam um toque de esplendor ao encanto rústico das áreas rurais. Estas características ainda se encontram bem presentes no local. Apesar do nosso percurso se ter resumido a meia duzia de quilómetros, é bem visivel a extensão e recticidade da via, assim como a beleza do espaço envolvente (apesar de a chuva teimar em não parar).
As estradas romanas formavam vias de comunicação vitais para o Império Romano. Parte delas conservam-se ainda hoje, tipicamente protegidas como Património Mundial ou Nacional. Embora em Roma, tal como nos países em vias de desenvolvimento, as coisas parecem não passar do papel. Enquanto faziamos o nosso percurso na Via Apia, alguns carros circulavam por cima do pavimento milenar (apesar da sinalização que o proibia), danificando assim uma das primeiras estradas do mundo. 
É ao longo da magestosa Via Ápia que se encontram as Catacumbas de S. Sebastião e de S. Calixto, onde a partir do século II foram sepultados milhares de cristãos. Infelizmente, no mês de Fevereiro, as catacumbas de Calixto estão fechadas pelo que apenas visitamos as de S. Sebastião.
As Catacumbas, ou criptas, são cemitérios subterrâneos e correspondiam aos locais que serviam para sepultar os primeiros adeptos do cristianismo. Nas catacumbas de S. Sebastião existem algumas pinturas murais (que infelizmente não pude fotografar) com representações da aspiração ao Paraíso no ritual funerário do enterro. As catacumbas são formadas por galerias subterrâneas, parecendo verdadeiros labirintos e podem atingir vários quilómetros. Nas paredes de tufo desse intrincado sistema de galerias foram escavadas filas de nichos rectangulares, de várias dimensões, que podiam conter um único cadáver, mas eram frequentemente ocupados por corpos de duas ou mais pessoas. A sepultura dos primeiros cristãos era extremamente simples e pobre. Como Cristo, os cristãos eram envolvidos num lençol ou sudário, sem caixão. O nicho era fechado em seguida com placas de mármore ou, na maioria dos casos, com telhas fixas por argamassa. Sobre a placa escrevia-se às vezes o nome do defunto, com um símbolo cristão ou os votos de paz no céu.
Cenário de alguns acontecimentos de grande interesse para os cristãos, a Via Apia foi o caminho por onde S. Paulo entrou em Roma. Durante a Idade Média, a Via Apia converteu-se numa das estradas mais movimentadas para os peregrinos que iam à Cidade Eterna a fim de rezar junto do túmulo de S. Pedro. A cerca de um quilómetro das catacumbas, encontra-se uma igreja que comemora a tradição, é a Igreja Quo vadis. Segundo relatos, os cristãos de Roma, aquando das perseguições, pediram a Pedro que fugisse para outro lugar. Pedro dispôs-se a partir e saiu da cidade na madrugada de um dia de Verão. Pouco depois de cruzar a porta Ápia, viu Jesus que vinha ao seu encontro, Pedro perguntou-lhe:
- Onde vais (Quo Vadis), Senhor?
- Vou a Roma para ser crucificado.
- Senhor - disse o Apóstolo - vais ser crucificado outra vez?
- Sim, Pedro, outra vez.
E logo Jesus desapareceu, e Pedro compreendeu tudo. Envolto na luz do amanhecer, deu meia volta e dirigiu os seus passos para Roma, onde pouco tempo depois seria martirizado.
Diz-se que no local onde Pedro avistou Cristo ficaram marcadas as suas pegadas, hoje expostas na Basílica por cima das Catacumbas de S. Sebastião.
A Via Apia foi, provavelmente, a primeira de uma rede de comunicações que ligava Roma a seu império em expansão. Talvez por isso, o ditado popular "todas as estradas vão dar a Roma"! E nós para cumprir o ditado... démos corda aos sapatos e regressamos a Roma!
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